Cai o segredo de justiça do caso Pandora



Processo expõe a suposta triangulação entre Prefeitura, Sincopetro e funcionários do Grupo Pão de Açúcar
 Jornal Cruzeiro do Sul

Leandro Nogueira leandro.nogueira@jcruzeiro.com.br 
Acabou o mistério no caso Pandora. O fim do segredo de justiça decretado pelo juiz Jayme Walmer de Freitas na última sexta-feira trouxe à tona o esquema de propinas que teria funcionado na Prefeitura de Sorocaba para a aprovação de documentos necessários ao funcionamento de unidades do Hipermercado Extra: o então secretário José Baptista Ferrari teria recebido R$ 89,1 mil; o engenheiro da Prefeitura Jeferson Tadeu Polanzan Aily, R$ 30 mil e o na época também secretário municipal, Maurício Biazotto Corte, R$ 25 mil, além de móveis e eletrodomésticos adquiridos em uma rede de lojas popular com o cartão da empresária e então presidente do Sincopetro e do Partido Social Cristão, Ivanilde Vieira Serebrenic. Ivanilde é acusada de organizar e liderar o grupo de réus que agora respondem por associação em quadrilha ou bando a fim de cometer os crimes de corrupção ativa, corrupção passiva e extorsão. 

Com base em interceptações telefônicas, apreensões de documentos e relatos colhidos de parte dos réus por ocasião das prisões temporárias em setembro e outubro de 2009, o Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco) e o Grupo Antissequestro (GAS) da Polícia Civil reuniram elementos que foram usados na denúncia apresentada à Justiça em abril de 2010. Dois profissionais contratados pelo Grupo Pão de Açúcar, que detém a marca Extra, o diretor de obras Dalton Benedito Peres Júnior e o advogado responsável técnico Humberto Amaral Monteiro, além do suposto financiamento das negociações apontadas como ilícitas com recursos do grupo que os emprega, também são acusados pelo Gaeco de terem dividido indevidamente entre si R$ 50 mil provenientes de seus empregadores e que não teriam autorização dos mesmos. 

Valéria Biazotto Corte, atualmente casada com o ex-secretário Maurício Biazotto Corte, também é ré acusada de participar das negociações em auxílio à empresária Ivanilde, que na época a empregava. Segundo o Gaeco, a empresa Beltz, de Ivanilde Serebrenic, emitia as notas fiscais para o Grupo Pão de Açúcar para financiar o suposto esquema que garantiu as licenças para o funcionamento do posto do Extra em Santa Rosália e a instalação da nova unidade do hipermercado no bairro Campolim. "Fica claro que a empresa Beltz era utilizada exclusivamente para dissimular a movimentação de valores decorrentes indiretamente de crimes contra a administração pública (...) ao se desviarem recursos financeiros da Companhia Brasileira de Distribuição, do Grupo Pão de Açúcar, com a finalidade de efetuar o pagamento de vantagem econômica aos indiciados", está na denúncia do Gaeco que deu origem ao processo criminal. O advogado do Sincopetro, Alexandre de Menezes Simão, também foi acusado de, na companhia de Ivanilde, extorquir um proprietário de posto para regularizar a situação do mesmo junto à ANP. 

No processo que tramita na 1ª Vara Criminal de Sorocaba, Ivanilde Vieira Serebrenic responde por formação de quadrilha, corrupção ativa (por três vezes) e extorsão; o ex-secretário Municipal de Governo, Maurício Biazotto Corte, formação de quadrilha e corrupção passiva; o ex-secretário municipal de Desenvolvimento Econômico, José Dias Batista Ferrari, formação de quadrilha e corrupção passiva; o engenheiro da Secretaria Municipal de Planejamento e Urbanismo, Jeferson Tadeu Polanzan Aily, corrupção passiva e formação de quadrilha. O então advogado do Sincopetro, Alexandre de Menezes Simão, formação de quadrilha e extorsão; a na época assessora de Ivanilde (Sincopetro), Valéria Biazotto Corte, formação de quadrilha e corrupção ativa (por três vezes). Os dois profissionais do Grupo Pão de Açúcar, Humberto do Amaral Monteiro e Dalton Benedito Peres Júnior respondem por formação de quadrilha, furto qualificado e corrupção ativa, sendo que Dalton é acusado de corrupção ativa por três vezes.

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