Jet ski é 'brinquedo assassino', diz pai de menina atropelada na praia



FELIPE LUCHETE
DE SÃO PAULO
Na mão de adolescentes, o jet ski é um "brinquedo assassino", afirma o motorista Gilson Almeida da Silva, 33.
Ele é pai de Grazielly, 3, morta no sábado em uma praia de Bertioga depois de ser atingida por um jet ski.
Segundo testemunhas, a embarcação estava nas mãos de um garoto de 14 anos acompanhado de um amigo.
"É inacreditável ver filhinhos de papai sem habilitação dirigindo jet ski. É a mesma coisa que deixar uma arma na mão de uma criança", afirma o pai da vítima.
Ele diz ter sido avisado da morte da filha às 18h30 de sábado, ao receber a ligação do cunhado. A menina havia viajado com a mãe para a praia.
O enterro de Grazielly ocorreu ontem, em Artur Nogueira, cidade da região de Campinas onde a família mora.
Maurimar Chiasso, advogado da família do adolescente que estava com o jet ski, afirma que o garoto ligou a chave da embarcação e ela acabou andando sozinha.
Editoria de Arte/Editoria de Arte/Folhapress
Duas testemunhas ouvidas pela Folha ontem na praia de Guaratuba, onde ocorreu o acidente, afirmaram a mesma coisa. Elas dizem que o jet ski avançou sozinho por 500 metros, passando por mais de 30 pessoas. As testemunhas disseram que o adolescente e o amigo ficaram "desesperados" quando souberam que uma criança tinha morrido após ser atingida.
O pai de Grazielly se revoltou ao saber que a filha não foi socorrida pela família do garoto. "Eles deveriam ter tido o mínimo de humanidade e caráter." O motorista ouviu da família que o garoto foi visto fazendo "umas graças" com o jet ski antes do acidente. O advogado do garoto nega.
O sonho de Grazielly, afirma o pai, era conhecer o mar.
O acidente ocorreu no primeiro dia dela na praia. "Ela vivia perguntando: "Vamos para a praia, pai?'", diz Silva.
"Minha mulher contou que, na hora em que ela chegou, pulava de alegria. Na hora em que mais estava se divertindo, fazendo castelinho de areia, perdeu a vida."
O garoto que conduzia o jet ski se apresentará à polícia na quinta, disse seu advogado.
O pai do menino, um empresário de Mogi das Cruzes, desligou o telefone assim que a Folha se identificou.
O jet ski é da família do também empresário José Cardoso, amigo da família do adolescente. Chiasso diz que ele não estava na praia sábado.
Cardoso é dono do aterro Pajoan, em Itaquaquecetuba, que em 2011 chegou a ser embargado por receber terra das obras do aeroporto de Cumbica de forma irregular.
Colaborou CRISTINA MORENO DE CASTRO, enviada especial a Bertioga

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