Número de presos na cracolândia surpreendeu PM, diz comandante



Viciados aglomedaros na região da cracolândia, em SP(Zanone Fraissat - 29.jan.2012/Folhapress)
A operação policial desencadeada na região central de São Paulo conhecida como cracolândia completou um mês nesta sexta-feira com um saldo de 200 pessoas presas sob a suspeita de tráfico de drogas.
Esse grande número de prisões, que incluem as feitas pela Polícia Civil, surpreendeu até mesmo a Polícia Militar, segundo seu comandante, Álvaro Camilo.
"Sabíamos que o número de microtraficantes era grande, mas não tanto. A PM não imaginava que seria esse número naquela região."
"Nós esperávamos menos traficantes, com mais pedras. O que se viu fio o contrário, mais gente traficando, com uma quantidade menor de menos pedras", disse em entrevista exclusiva à Folha.
Além dos flagrantes, outras 51 pessoas foram presas porque eram consideradas foragidas da Justiça.
A surpresa com o número de presos ocorre porque o governo estadual e municipal afirmavam existir cerca de 400 pessoas morando na cracolândia. Nos picos de concentração de usuários, ainda segundo o governo, esse número chegava a 800.
Para o comandante, parte dos traficantes não ficava ali. Iam até a região, vendiam a droga, e depois iam embora.
Nesta semana, a Folha publicou reportagem revelando investigação do Ministério Público sobre essa quantidade de prisões.
De acordo com o promotor Arthur Pinto Filho, o grupo de promotores que acompanha a operação na cracolândia realiza levantamento de todos os flagrantes feitos.
Para o promotor Pinto Filho, é "muito estranho" o fato de as prisões feitas chegarem à metade da população que morava no local e serem superiores até mesmo que as internações de usuários. Segundo balanço divulgado, internações para tratamento de saúde chegavam a 186.
Segundo a defensora pública Virginia Catelan, a maioria dos casos de flagrantes aponta para um possível exagero por parte da polícia.
Segundo ela, existe a possibilidade de usuário estar sendo preso como traficante. Em muitos casos, segundo ela, não há todos os elementos que caracterizam o tráfico, como compradores ou dinheiro apreendido.
O comandante da PM disse que não houve nenhum reclamação ao comando de prisões abusivas. Ele afirmou ainda que, em alguns casos, policiais flagaram tráfico de crack, mas como a quantidade era pouca (às vezes duas pedras), não houve prisão.

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