Socorro à Grécia será decidido nesta 2ª


Ministros de finanças da zona do euro reúnem-se em Bruxelas para decidir se aprovam a liberação de € 130 bilhões ao país


Andrei Netto, correspondente de o Estado de S.Paulo
PARIS - Na véspera de mais uma reunião decisiva em Bruxelas sobre a sorte da Grécia, milhares de gregos voltaram a protestar, no domingo, na Praça Syntagma, centro de Atenas, contra o arrocho provocado pelas medidas de austeridade.

Ao contrário da manifestação anterior, realizada há oito dias, não houve incidentes maiores até a noite de domingo. Nesta segunda pela manhã, o Eurogrupo, fórum de ministros de Finanças da zona do euro, volta a se reunir e pode anunciar o desbloqueio do segundo plano de socorro ao país, de € 130 bilhões.
A manifestação foi realizada a favor de eleições antecipadas, previstas para abril, e contra as condições impostas pela União Europeia, pelo Banco Central Europeu (BCE) e pelo Fundo Monetário Internacional (FMI) - a troica - para a liberação dos recursos. O protesto foi encabeçado pelas duas maiores centrais sindicais do país, a GSEE, do setor privado, e a Adedy, do funcionalismo público, e tinha como lema a luta contra a austeridade, que resultará no corte de 22% do salário mínimo em março. Desta vez, porém, a polícia grega não contou mais de 1,5 mil manifestantes, contra 80 mil no último domingo.
Nesta segunda-feira, os ministros de Finanças e técnicos da troica se reúnem em Bruxelas para analisar se o governo do primeiro-ministro da Grécia, Lucas Papademos, atendeu às exigências impostas para a liberação do pacote de socorro. Os europeus pediam detalhes dos cortes de mais € 325 milhões no orçamento, além de garantias de que as medidas acertadas no memorando do pacto de rigor serão cumpridas. Caso os primeiros recursos sejam liberados, Atenas poderá honrar o reembolso dos títulos de sua dívida soberana com vencimento em março e que totalizam € 14,5 bilhões. Na hipótese inversa, o país tende a entrar em default.
Além do acordo com a UE e o FMI, a Grécia também pode selar nesta semana o acordo para o corte de cerca de 50% do valor nominal das obrigações soberanas detidas por credores privados. Pelas negociações já realizadas, o desconto (haircut) acordado entre o governo de Papademos e o Instituto Internacional de Finanças (IIF) deve chegar a € 100 bilhões.
O objetivo do corte é reduzir o nível de endividamento do país dos atuais 159% para 120% do Produto Interno Bruto (PIB) em 2020, embora cresçam na Europa as dúvidas sobre se a meta é realista. Cálculos mais atuais estimam que o patamar dentro de oito anos deva ser de 129%.
Apesar da explosão de insatisfação popular contra a redução do salário mínimo decidido pelo Parlamento no último domingo, os gregos se mostram divididos sobre os sucessivos pacotes de austeridade, que já resultaram na redução de € 160 bilhões em gastos públicos. Pesquisa de opinião realizada pelo Instituto Marc por encomenda do jornal Ethnos aponta que 48% dos gregos consideram que o congresso agiu com justiça, enquanto 45,5% creem que as medidas são injustas. Sobre o futuro monetário do país, 75,9% teriam se dito favoráveis à permanência na zona do euro, enquanto 19,6% preferem o abandono da moeda única e o retorno ao dracma, divisa extinta em 2002.

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