Alunos tiveram acesso prévio a exame da OAB




PAULO SALDANA
A Polícia Federal finalizou a investigação sobre a fraude em exames da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) de 2009 e apurou que 152 candidatos tiveram acesso antecipado às respostas do exame. Além disso, 1.076 “colaram” uns dos outros. Os fraudadores tiveram acesso privilegiado às respostas, que foram desviadas por uma organização criminosa desmontada na Operação Tormenta.
A fraude ocorreu nos três exames de primeira fase realizados pela OAB nos meses de maio e setembro de 2009 e em janeiro de 2010. Para identificar o grupo, a PF usou o Sistema de Prospecção e Análise de Desvios em Exames (Spade), software desenvolvido para rastrear desvios entre as respostas dos candidatos e apontar probabilidades de candidatos que se beneficiaram com a fraude. A partir disso, os candidatos foram investigados e peritos criminais ainda analisaram as estatísticas dos resultados.
Os 1.076 candidatos que colaram não recorreram, segundo a PF, ao grupo de fraudadores. Mas a equipe de investigação cruzou as informações dos laudos e dados fornecidos pelo Cespe/UnB (que organizou os exames) e constatou que os candidatos incluídos nos recortes fizeram o exame na mesma sala.
OAB e Cespe/UnB colaboraram com as investigação, segundo a PF. O presidente da Ordem, Ophir Cavalcante, afirmou em nota que a instituição vai abrir processo contra os fraudadores. “O processo ético-disciplinar visa a estabelecer, à luz das investigações realizadas pela PF com total apoio da entidade, o grau de envolvimento e participação de cada um dos suspeitos, que estarão sujeitos, considerada a natureza da infração cometida, às sanções previstas no Estatuto da Advocacia e da OAB, respeitado o devido processo legal.”
A investigação não envolveu só o exame da Ordem. Começou com a denúncia de que um dos candidatos do concurso para agente de polícia federal de 2009 teve acesso ao caderno de questões da prova às vésperas de sua aplicação.
A PF já havia apurado que esse não era um fato isolado: respostas de pelo menos outros seis concursos de outros órgãos foram desviadas. Entre eles, os de delegado da Polícia Federal de 2004, auditor fiscal da Receita Federal de 1994 e agente e oficial de inteligência da Agência Brasileira de Inteligência (Abin), de 2008.
Até o momento foram indiciadas 282 pessoas e 62 servidores foram afastados ou impedidos de tomar posse. Os criminosos estão respondendo por crimes de formação de quadrilha, estelionato, receptação e corrupção.

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