Candidatos a prefeito gastarão R$ 26,20 por voto



Juntos, os quatro candidatos declaram que aplicarão até o limite de R$ 11.200.000,00

Jornal Cruzeiro do Sul


Leandro Nogueira
leandro.nogueira@jcruzeiro.com.br

Os gastos de campanha dos quatro candidatos a prefeito de Sorocaba representarão um custo de R$ 26,20 por eleitor sorocabano. Esse valor é o resultado da soma dos recursos que cada um deles declaram que estão dispostos a investir na campanha eleitoral dividido pelos 427.555 eleitores (veja tabela nesta página). Juntos, os quatro candidatos declaram que aplicarão até o limite de R$ 11.200.000,00. Os R$ 11,2 milhões representam 55,6% a mais dos R$ 7,2 milhões declarados pelos três candidatos que disputaram as eleições municipais de 2008 ou 33,3% a mais do que foi declarado pelos cinco candidatos que disputaram as eleições de 2004.

Assim, pela média, cada candidato gastará R$ 6,55 por voto em 2012. Há quatro anos, a média de cada candidato por voto foi de R$ 6,20 e nas eleições de 2004, de R$ 4,82. Considerando o máximo que cada candidato declarou que gastaria nas últimas eleições, a média por voto aumentou em 28,6% da eleição de 2004 para 2008 e em 5,6% da eleição de 2008 para 2012.

Na opinião do administrador e especialista em administração pública, Luiz Antonio Barbosa, o investimento em campanha reflete muito nos resultados nas urnas, "por mais que (o candidato) tenha carisma com as pessoas", declara. Barbosa explica que nas eleições o candidato é um produto a ser vendido e quanto mais investimentos houver na campanha, mais recursos financeiros são transformados em ações de marketing. "Haverá mais condições de difundir a ideia do produto-candidato, para um número maior de eleitores", declara. Para Barbosa, os candidatos que não possuem um caixa tão robusto tendem a utilizar a internet como alternativa mais barata para atingir o público. Mas enfatiza que, apesar do meio ser praticamente gratuito, a internet também exige investimentos para manter à sua frente profissionais com conhecimento para dar mais qualidade à produção da informação e ao visual que a informação ganhará exibição na internet. "Os valores que os candidatos declararam sempre ficaram aquém do que efetivamente gastaram nas campanhas", afirma o especialista em marketing político e professor de comunicação social na Universidade de Sorocaba, Júlio César Gonçalves. Ele ressaltou que não afirma que os candidatos a prefeito nessas eleições vão gastar mais do que informaram como teto à Justiça Eleitoral, no entanto, observou que em todas as eleições que acompanhou, percebeu claramente o descompasso entre o que informaram e o que efetivamente gastaram. Para fazer tal afirmação ele diz levar em conta a campanha que viu nas ruas em relação à percepção dos custos que possui. "Como jornalista eu tenho amigos jornalistas que trabalham nas campanhas, são informações de bastidores", declarou.

Júlio Gonçalves calcula que o custo do voto por candidato em Sorocaba varia de R$ 10 a R$ 20. Avalia que para conquistar 50% dos votos dos 427.555 eleitores sorocabanos nesta eleição, cada candidato precisaria investir de R$ 2,1 milhões a R$ 4,2 milhões. Se multiplicados esse valores pelos quatro candidatos a prefeito, a campanha apenas para a escolha do prefeito na cidade vai variar de R$ 8,4 milhões a R$ 16,8 milhões, isso considerando a estimativa do custo do voto sugerido por Gonçalves. Como exemplo do quanto uma campanha é cara, ele cita que cada pesquisa eleitoral custa de R$ 20 mil a R$ 50 mil e sugere que pelo menos quatro ou cinco pesquisas os candidatos precisarão fazer no decorrer da campanha. "Ela (pesquisa) é importante para monitorar as campanhas e uma boa campanha precisa de pesquisas constantes. O ideal seria uma por semana", sugere.

Já o especialista em administração pública, Luiz Barbosa, crê que os candidatos respeitem os limites que declaram à Justiça. Ressalta que a cada eleição a fiscalização do Tribunal Regional Eleitoral e da Receita Federal tem ficado mais especializada e eficiente tanto em relação aos gastos com campanha quanto ao recebimento das doações. "Hoje está mais difícil, por exemplo, fazer o caixa 2. Acho que principalmente os candidatos para prefeito dificilmente vão cometer um deslize a ponto de ter algum problema", afirma. Ele acredita que os custos das campanhas em Sorocaba ficarão próximos dos valores que foram declarados à Justiça.

O especialista em marketing político, Júlio Gonçalves e o especialista em administração pública, Luiz Barbosa, têm uma opinião em comum: o que mais exige investimento em uma campanha na cidade de Sorocaba é a produção do programa de TV a ser exibido durante o horário eleitoral gratuito. "O mais caro é a produção de TV, a rádio não é tão cara", diz Gonçalves. Questionado sobre os candidatos com menos recursos, Gonçalves disse que certamente estão apostando na militância, mas lembra que são pouco os voluntários que costumam trabalhar gratuitamente nas campanhas. Barbosa afirma que apesar de mais cara a TV é o meio mais importante para atingir a cidade inteira, mas acrescenta que em Sorocaba os candidatos devem procurar trabalhar todas as mídias que podem porque cada uma atinge um público diferente. "É uma cidade muito heterogênea, com eleitores em todas as classes sociais", declarou.

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