Ministério Público vai investigar Gilberto Kassab




O Ministério Público Estadual (MPE) decidiu investigar oficialmente o prefeito Gilberto Kassab (PSD) no caso dos supostos pagamentos de propina a agentes municipais, como o ex-diretor do Departamento de Aprovação de Edificações (Aprov) Hussain Aref Saab. Após ouvir sete testemunhas e acumular documentos, notas fiscais e outras provas, o MPE transferiu ontem os autos para o setor responsável pela investigação de crimes dos prefeitos.
A assessoria de Kassab afirmou que não há nenhum indício que justifique pedido de apuração contra ele e que é “uma irresponsabilidade criminal a mais hipotética alusão ao seu nome”. A Prefeitura diz ainda que a investigação sobre as irregularidades apontadas no Aprov foi determinada pelo prefeito a partir de denúncias anônimas.
A investigação antes estava a cargo do Grupo de Atuação Especial de Repressão ao Crime Organizado (Gaeco), que encaminhou o caso para a Câmara Especializada em Crimes Praticados por Prefeitos, um setor específico dentro do Ministério Público que atua na investigação dos chefes dos Executivos municipais.
O promotor Yuri Castiglione, do Gaeco, sugeriu à Câmara que tome de novo depoimentos de duas testemunhas que citaram o nome de Kassab durante as investigações. Esse grupo é subordinado diretamente ao procurador-geral de Justiça, Márcio Elias Rosa, e chefiado pela procuradora Márcia Montenegro.
Ela já investiga Kassab no caso da inspeção veicular, no qual são apuradas supostas fraudes ocorridas no contrato com a Controlar. Depoimento O JT obteve um dos depoimentos que mencionam o prefeito. Nesse trecho, uma ex-funcionária da Brookfield Gestão de Empreendimentos (BGE) afirmou ter ouvido de Antonio Carlos Chapela, acusado de ser o homem que entregava as propinas, que parte do dinheiro deveria ir para Kassab.
A menção não traz provas ou documentos que comprovem a ligação do prefeito. Segundo a testemunha, a opinião de Chapela se baseava apenas nos altos valores que seriam destinados a Aref – o relato diz que pelo menos R$ 4 milhões teriam sido pagos em subornos pelo Pátio Higienópolis. Aref e o shopping negam.
Chapela é proprietário da Seron Engenharia, empresa que era subcontratada pela BGE para lidar com regularizações urbanísticas. Segundo ex-funcionárias da BGE, essa era uma das empresas que emitiam notas frias para encobrir pagamento das propinas. Ele não foi localizado pela reportagem.
Aref também é investigado pelo MPE por ter acumulado patrimônio incompatível com sua renda nos sete anos em que foi diretor do Aprov. Ele já trabalhava na Prefeitura desde a década de 1980 e foi nomeado diretor do departamento assim que Kassab assumiu o cargo de vice-prefeito de José Serra (PSDB), em 2005.
Os dois já haviam trabalhado juntos durante a gestão Celso Pitta (1997-2000), quando Kassab era secretário de Planejamento e Aref era seu subordinado nessa mesma pasta. Ele nega as acusações. Anteontem, a Polícia Civil indiciou o executivo Manoel Bayard Lucas de Lima, da BGE, por formação de quadrilha e corrupção no inquérito que investiga o caso.
A BGE não quis comentar. O advogado de Bayard, Antonio Cláudio Mariz de Oliveira, disse que há interesse de ambos de que as investigações tenham curso. “Queremos demonstrar a falsidade dessas acusações.”
Artur Rodrigues, Fausto Macedo, Marcelo Godoy e Rodrigo Burgarelli

Postar um comentário

0 Comentários