Parece futebol de várzea, mas é eleição




Abajur, Phumaça, Serrote, Xoxó, Messias Zoio, Kingnaldo Poeta, Baixinho Dog, Bigode Araújo, Jorge Fuzil, Mauro Gago e Mooitta. O que mais parece a escalação de um time de futebol de várzea é, na verdade, o nome de alguns candidatos a uma vaga na Câmara Municipal.
O site do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) começou, ontem, a divulgar o registro das candidaturas a vereador em todo o Brasil. Como já é tradição, a lista está repleta de candidatos exóticos. Ou melhor, candidatos que tentam obter sucesso nas urnas usando “nomes artísticos”, apelidos e outras artimanhas.
“O apelido desperta a curiosidade das pessoas. Todo mundo fica querendo saber quem é. Atrai atenção e, quem sabe, alguns votos”, diz Abajur (PHS) – cujo o nome de batismo é Conceição Aparecida Oliveira. Abajur ganhou esse apelido por duas razões. Primeiro porque é loira e tem uma vasta cabeleira.
Segundo a própria Conceição, o visual faz com que ela seja uma espécie de “ponto de referência”. “Quando querem apontar alguém que está perto de mim, dizem que fulano está perto do Abajur”, conta. Outra razão do estranho apelido seria sua participação em um motoclube.
“Nele, sou eu quem está sempre por dentro das coisas, conheço bandas, organizo festas, sou eu quem ‘dá uma luz’ sobre vários assuntos. Portanto, sou o abajur”, brinca. Abajur tem convicção de que vai brilhar na eleição e se tornar vereadora.
Infância
Reinaldo Pereira da Silva é outro que escolheu seu nome político em cima de um inusual apelido. “Eu sou tapeceiro, mas escrevo músicas, canções sobre o meio ambiente e a saúde. Por isso, o meu filho substituiu o ‘rei’ pelo ‘king’ e me apelidou de Kingnaldo. Sabe como é baiano, não é? Gosta desses nomes gringos”, diz outro candidato pelo PHS.
“Já o complemento foi minha mulher quem deu. Ela gritou da cozinha: é Kingnaldo poeta.” Apelidos de infância também costumam ressuscitar durante o período eleitoral. Edmilson Santos de Souza, por exemplo, diz que ganhou a alcunha de Phumaça (com ‘ph’ mesmo) quando tinha uns 8 anos e teria ajudado a apagar um princípio de incêndio – causado por um ferro de passar roupas.
“A pessoa gritava ‘fumaça’, ‘fumaça’…Daí, eu apareci e chutei o ferro de passar roupa que estava na tomada. Virei fumaça pra sempre”. Segundo Phumaça (PPS), o ‘ph’ tem a ver com numerologia. “A letra ‘p’ significa coisas boas e dá um charme”, avisa.
Phumaça acredita piamente em sua eleição. “Eu sou do Glicério. Uma região com 60 mil eleitores. As pessoas me conhecem na região. Sou o Phumaça desde os tempos do grêmio estudantil.” Mas nem sempre os apelidos de infância soam bem nos ouvidos de eleitores e até de dirigentes partidários.
Juarez Américo dos Santos Filho já foi “levemente” advertido pelo seu partido, o PPS. Seu nome político tem dado margem a uma série de trocadilhos infames. “Eu ganhei o apelido do Xoxó quando tinha uns seis anos. Foi uma homenagem a um personagem de radionovela”, diz. “Não tenho culpa se o povo brinca com isso, se o Xoxó é isso, aquilo ou se está em algum lugar. Eu sou Xoxó. E é como Xoxó que eu quero ganhar essa eleição.”

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