Polícia investiga participação de PMs em mortes em Osasco



Folha de São Paulo

O delegado seccional de Osasco, Mauro Guimarães Soares, disse investigar a participação de PMs nas oito mortes de ontem (12) na cidade. Outra hipótese é uma possível disputa entre traficantes.

Seis atiradores encapuzados em um carro e uma motocicleta aproveitaram a comemoração com fogos de artifício do título do Palmeiras na Copa do Brasil, ontem de madrugada, para matar oito homens e ferir outros dois em Osasco (Grande São Paulo).
As vítimas foram baleadas em quatro bairros da periferia -Jardim Rochdalle, Jardim Munhoz Júnior, Jardim Mutinga e Jardim Canaã-, entre 1h27 e 4h20 de ontem, em um raio de cerca de 4 km.
Segundo policiais do Serviço Reservado da PM ouvidos pela Folha, as mortes podem ter sido causadas porque policiais não estavam mais recebendo propina para fazer vista grossa ao tráfico. A PM diz não ter evidências da participação de seus policiais.
Há, ainda, a chance de que as mortes tenham sido revide por conta de um atentado contra um policial militar conhecido como Ramos, na tarde de terça-feira, na região do Jardim Rochdalle. O PM foi ferido a tiros, mas sobreviveu.
Em nota oficial, a PM disse "que os locais [dos crimes] são conhecidos como pontos de venda de entorpecentes".
Logo após as mortes, policiais de Osasco cogitaram a hipótese de que elas tinham relação com desavenças surgidas na comemoração do título do Palmeiras, mas o Comando-Geral da PM afastou já de manhã a possibilidade.
"A única coincidência é que criminosos aproveitaram o horário, em que se dava a salva de fogos, para disfarçar o estampido dos disparos de suas armas", informou.
VÍTIMAS
As idades das vítimas variavam de 22 a 47 anos. Apenas uma tinha ligação conhecida com o crime, segundo a polícia. Outras cinco possuíam passagens policiais, mas por ocorrências menores, como direção perigosa.
O carro e a moto, segundo relatos, paravam em frente ao local onde estavam as vítimas e os atiradores desciam. A maior parte foi atingida em regiões vitais como cabeça e peito. As armas usadas foram, na maioria, pistolas que, pela lei, são de uso restrito das forças de segurança.
Em um dos ataques, os atiradores disseram para um deficiente físico que ele não seria morto. Essa testemunha disse à polícia não ter condições de identificar os atiradores nem os veículos usados.
Os feridos -um homem de 46 anos e um adolescente- não correm risco de morte e também disseram não ter como ajudar na identificação.
Até as mortes de ontem, Osasco havia registrado 26 homicídios de janeiro a maio -média de um a cada seis dias. Em cinco crimes, PMs são investigados como autores, segundo a Polícia Civil.

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