Cabe “recurso”


do Jornal da Estância
por Rocrigo Bocatto


Sempre cabe mais recurso. Se não é no bolso, é na cueca, na meia, até no Supremo Tribunal sempre cabe um recurso para que juízes alterem sentenças.

Paulo Maluf teve a candidatura cassada graças ao Projeto Ficha Limpa. A matéria sempre começa empolgante até que no finalzinho, no último parágrafo, vem a observação. “Ainda cabe recurso”.

Sempre que eu vejo algo nesse sentido nas notícias da internet, eu fico inconformado. Sempre que a justiça parece que vai dar o ar da graça, a gente descobre que tem um outro tribunal, num nível superior ao tribunal em questão que pode, simplesmente, reverter a questão e tornar um “culpado” num “inocente”.

O mais interessante nessa história é a localização desse tribunal “superior”: Brasília! Ó Terra adorada e querida onde vivem os candangos e toda alta cúpula deste país! Onde mora o Presidente, onde vivem senadores, deputados federais, juízes, desembargadores, ministros, enfim todos os comandantes do país. Terra de PIB per capita gigantesco, terra onde está a maior concentração de recursos do Brasil. Cidade onde ficam o Banco Central e o Ministério da Fazenda, de onde saem todos os recursos do Governo Federal.

E nessa terra cheia de dinheiro, por incrível que pareça, sempre cabe mais um recurso. Que, dizem, é o último recurso. Mas nunca é último!

Dos candidatos da região temos Lili Aimar, Gil Arantes, Quinzinho Pedroso, Renato Amary, entre outros, com as candidaturas impugnadas e à espera de recurso. Não de recurso financeiro, pois vemos que isto eles têm de sobra, mas de um “último” recurso no TSE, que pode deixa-los, ou não, aptos a receber os votos da população.

Infelizmente e coincidentemente, nas rodas das altas classes brasilienses essas pessoas sempre se encontram e lá, como já escrevi, sempre cabe mais recurso. Se não é no bolso, é na cueca, na meia, até no Supremo Tribunal sempre cabe um recurso para que juízes alterem sentenças.

O único julgamento que não pode ser alterado pelos juízes é o julgamento do povo, mas este o recurso financeiro ainda pode comprar com dentadura, conta de luz e saco de cimento.

De modo que resta torcer por uma reforma política ou torcer para que o talento do Netinho, do Tiririca, da Mulher Pêra e do Batoré sejam decisivos para o povo carente do Brasil.

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