Empresas denunciadas no "Fantástico" têm relações com fiscalização em Sorocaba

Reportagem na tevê exibiu negociações de supostas propinas em troca de promessas de privilégios
Notícia publicada na edição de 15/03/2011 do Jornal Cruzeiro do Sul, na página 006 do caderno A - o conteúdo da edição impressa na internet é atualizado diariamente após as 12h.
 Os radares de trânsito em Sorocaba sempre estiveram sob a responsabilidade de empresas apontadas no último domingo pelo programa Fantástico, da Rede Globo, em reportagem que exibiu negociações de supostas propinas em troca de promessas de privilégios que levaria à fictícia contratação da empresa para atuar em uma cidade do Rio Grande do Sul. O arquivo do jornal Cruzeiro do Sul mostra que uma das denunciadas, a Engebrás S.A. Indústria, Comércio e Tecnologia de Informática operou os radares em Sorocaba de 1996 até 2009, com a paralisação de quatro meses. Uma década após o início da primeira contratação, em março de 2006, o serviço foi suspenso com o questionamento do Ministério Público a respeito de prorrogação do contrato por dez anos, com pretexto de ser emergencial. Uma nova concorrência foi aberta e em julho de 2006, a Engebrás voltou a atuar em Sorocaba ampliando o número de equipamentos distribuídos ruas.
 
Outra empresa citada na reportagem sobre um suposto esquema de corrupção em licitações públicas foi a Splice Indústria, Comércio e Serviços Ltda, que tem sede em Votorantim e desde o ano passado opera os radares em Sorocaba. A Splice foi contratada por dois anos, ao valor de R$ 1,2 milhão pelo serviço dos radares fixos e mais R$ 325 mil pelos móveis. Por meio de concorrência a Splice assumiu o serviço em Sorocaba, que até então era realizado pela empresa Engebrás, que operava os radares fixos e a Oportunith Prestadora de Serviços, que respondia pelos radares móveis. Ontem à tarde a Prefeitura de Sorocaba e a Urbes Trânsito e Transportes foram questionadas sobre detalhes dos contratos firmados com a Splice, Engebrás e outras que tenham sido contratadas para operar radares em Sorocaba. A Secretaria de Comunicação (Secom) informou que responderia hoje.
 
 Splice afasta funcionário
 
 Por meio de nota a diretoria da Splice Indústria, Comércio e Serviços Ltda divulgou ontem que o funcionário que aparece na reportagem exibida na TV foi afastado das funções, "procedimento padrão nesta empresa para qualquer colaborador que se envolva em irregularidades, e uma sindicância foi instaurada para a apuração dos fatos". A versão da empresa é que sempre participou de "licitações transparentes, que privilegiem o interesse público, consubstanciado na qualidade dos produtos/serviços". Argumentou que os valores dos contratos que firma ficam em média 42% abaixo dos estimados por quem elabora os editais de licitação. "Portanto, repudiamos qualquer comportamento dessa natureza.", consta na nota.
  
Percentual de representação
 
A assessoria de comunicação da Engebrás S.A. Indústria, Comércio e Tecnologia de Informática informa que o funcionário foi demitido porque não tinha autonomia para estar em flat discutindo uma transação comercial sem comunicar sobre a reunião a um superior ou à empresa. Divulga que caiu em uma armadilha, já que falava em representação comercial (comissão para vendedor) e não de percentual sobre propina. Informou que o jurídico da Engebrás notificou a TV Globo a apresentar uma cópia integral da gravação e está tomando as medidas cabíveis para saber o que aconteceu. (Por Leandro Nogueira)

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