Plano do governo vai testar integração das polícias em SP
Programa de reestruturação na segurança pública do Estado prevê o trabalho integrado da PM e da Polícia Civil


Banco de dados com informações sobre mais de 400 mil criminosos será compartilhado entre as duas polícias

ROGÉRIO PAGNAN
DE SÃO PAULO
VENCESLAU BORLINA FILHO
DE RIBEIRÃO PRETO

A reestruturação na segurança pública iniciada pelo governo de São Paulo testará o trabalho integrado das Polícias Civil e Militar -primeiro passo para a unificação.
Esse teste da administração Geraldo Alckmin (PSDB) inclui desde o compartilhamento de informações criminais até a construção de prédios para abrigar policiais das duas instituições.
Parte desse trabalho integrado em São Paulo foi anunciada nesta semana.
Uma delas foi a decisão da Polícia Militar de compartilhar seu banco de dados, o Fotocrim, com mais de 400 mil registros de imagens e informações sobre criminosos.
"É uma prova cabal da integração das duas polícias. Ambas são compostas por integrantes da sociedade a serviço da sociedade", disse o delegado-geral Marcos Carneiro Lima.

INTEGRAÇÃO FÍSICAOutro ponto é a proposta de construir prédios onde trabalharão juntos policiais civis e militares. Isso era comum nos anos 1980, mas disputas institucionais deram fim à prática. O auge do litígio foi em 2008 quando policiais civis e militares entraram em confronto em frente ao Palácio dos Bandeirantes.
Não está certo, porém, nem o local nem quando deverá ocorrer essa construção.
Essas medidas se somam ainda, conforme a Folha revelou ontem, ao plano de fechar delegacias em cidades com menos de 10 mil habitantes, onde a PM vai registrar as ocorrências. As duas polícias vão ter sistema integrado desses registros.
"Para nós, da Polícia Militar, isso é uma integração com a Polícia Civil extremamente salutar. Vem ao encontro do interesse público", disse o comandante-geral da PM, Álvaro Camilo.
Nas cidades maiores, onde também haverá fechamento de DPs, a PM também vai intensificar o policiamento.
"Estamos conversando para acertar esses pontos. Ter uma delegacia não implica maior segurança. O que implica maior segurança é a polícia na rua", disse. "O entrosamento da PM com a Civil está muito bom."
Na capital, também haverá fechamento de delegacias. Ainda não foi divulgado, porém, quais dos 93 distritos serão cortados. O governo vai esperar a PM conseguir registrar BOs em toda a cidade.
A integração das polícias é, para especialistas, primordial para uma eventual unificação. Para Theodomiro Dias Neto, advogado especialista em segurança, apesar de bem-vindas as medidas, ainda é prematuro falar em unificação, algo "absolutamente improvável" no país.
"Poucos temas são tão consensuais quanto o fato de que as polícias precisam ser mais integradas. E não só em São Paulo. Por outro lado, poucas questões avançam de forma tão lenta quanto essa", afirma.
http://www1.folha.uol.com.br/fsp/cotidian/ff1903201110.htm
Fechamento de delegacias divide opiniões

DE SÃO PAULO
DE RIBEIRÃO PRETO


A divulgação de que o governo fechará delegacias causou polêmica. "Nenhuma delegacia vai ser fechada. Foi o seguinte: hoje, alguns municípios com mil habitantes não têm delegado, e não há razão para ter um delegado numa cidade só com mil, 2.000 habitantes. Em termos de eficiência, não justifica", disse o governador Geraldo Alckmin (PSDB). A intenção do governo é fechar delegacias em cidades com menos de 10 mil pessoas.
Mais cedo, nota da Secretaria da Segurança confirmava a proposta de corte de delegacias em cidades com menos de 5.000 habitantes, mas atribuía a ideia à associação dos delegados. "Ressalve-se, desde já, que alguns municípios deste porte seriam excluídos de eventual mudança", diz a nota.
A associação dos delegados reagiu. "A proposta é do próprio governo que, em reunião com esta entidade para discutir as reivindicações da classe, sugeriu que cidades com menos de 5.000 habitantes não teriam delegado."
A Folha apurou que o governo adotou discurso para acalmar as lideranças do interior. Pelo menos 12 cidades já fecharam delegacias.
"Essa medida está na contramão dos acontecimentos recentes, já que os crimes estão migrando justamente para as cidades do interior", disse Paulo Ziulkoski, presidente da CNM (Confederação Nacional dos Municípios).

SP terá central de flagrantes para tentar melhorar atendimento
DA REPORTAGEM LOCAL
DE RIBEIRÃO PRETO


Entre as mudanças na segurança pública planejadas pelo governo para a capital paulista está a volta das centrais de flagrantes.
Segundo a Folha apurou, elas devem ser distribuídas pelas regiões de SP e atender policiais de três distritos. Serão, porém, duas equipes no prédio: numa parte só atenderão prisões em flagrante e, na outra, a população.
Uma tentativa de centrais de flagrante fracassou, principalmente, por mau atendimento à população.
A proposta é não deixar ninguém esperando atendimento sob a justificativa de que o delegado está fazendo um flagrante -que pode demorar horas.
Ontem, a notícia de que serão fechadas delegacias no interior causou furor.
Para o presidente da Confederação Nacional dos Municípios, Paulo Ziulkoski, a medida vai na contramão da migração da criminalidade para o interior.
Até o despachante Messias Justino dos Santos, 71, reclamou. Ele quase sempre é chamado à delegacia de Restinga (a 389 km de SP) para resolver alguma situação que depende da decisão de um delegado.
Isso ocorre porque a cidade, de 6.587 habitantes, não tem um delegado há pelo menos dois anos. Agora, pode perder a única delegacia.
"Já não está fácil [a situação da segurança pública]. Sem a delegacia, vai ficar pior", disse.
http://www1.folha.uol.com.br/fsp/cotidian/ff1903201120.htm
Nota de aluno em exame do Estado recua dois anos
Estudantes tiveram em 2010 nível de aprendizagem semelhante ao de 2008


Dados são do Saresp, que avalia matemática e português na rede pública; só alunos do 5º ano tiveram avanço

TALITA BEDINELLI
FÁBIO TAKAHASHI
DE SÃO PAULO

Alunos que terminaram os ensinos fundamental e médio na rede estadual em 2010 tinham um nível de aprendizagem igual ou até pior que os formandos de dois anos antes -patamar que já representava grande defasagem.
A conclusão é baseada em dados do Saresp, exame do governo paulista que avalia o conhecimento de matemática e de português de estudantes da rede, divulgados ontem. A Folha adiantou o resultado geral ontem.
A pior situação foi em português no 9º ano do fundamental. No ano passado, a nota média (229,2) foi menor do que a de 2007 (242,6). A escala vai a 500 pontos.
Isso significa dizer que esse estudante estava quase quatro anos defasado -em 2010, tinha nível apenas pouco superior do que os especialistas esperam para um aluno do 5º ano (200 pontos).
No ensino médio, os estudantes do ano passado tiveram na disciplina um desempenho pior que os de 2008. O mesmo ocorreu nas duas séries no teste de matemática.
O único sinal de melhora foi no 5º ano do fundamental. Em matemática, as médias têm crescido desde 2007: de 182,5 para 204,6. Em português, a situação evoluiu nos últimos anos, mas ficou estável de 2009 a 2010.
"Pelo que a secretaria mobilizou de recursos para elevar esses resultados nos últimos anos, era de se esperar que as notas subissem, o que não ocorreu", diz o professor da Faculdade de Educação da USP Ocimar Alavarse.
Ao contrário do que houve nos outros anos, os dados do Saresp não foram apresentados em uma entrevista coletiva. A secretaria divulgou um e-mail com as informações.
Nele, o secretário Herman Voorwald, que assumiu neste ano a pasta, diz que "não há como dissociar essa variação negativa do Saresp de 2009 para 2010 da necessidade de mais professores efetivos na rede estadual. A rotatividade de professores é prejudicial ao aprendizado dos alunos".
O órgão diz que vai contratar mais 25 mil professores já aprovados em concurso.
Para a presidente da Apeoesp (sindicato dos professores), Maria Izabel Noronha, a grande falta de professores em 2010 ajuda a explicar esses resultados. No ano passado, lei estadual dificultou a contratação de temporários, que costumam cobrir a falta de docentes efetivos.
Na época, a Folha mostrou que a medida, alterada neste ano, fez algumas turmas ficarem até seis meses sem aulas em certas disciplinas.
As notas do Saresp ajudam a compor o Idesp, índice usado pelo governo paulista para bonificar professores de escolas que mais evoluíram.
 

http://www.agora.uol.com.br/trabalho/ult10106u890985.shtmlTrês em cada dez escolas ficarão sem o bônus neste ano

1.068 escolas que ganharam o bônus da educação em 2010 não atingiram as metas do idesp

19/03/2011

De cada 10 escolas, 3 não terão grana do bônus em 2011

Carol Rocha e Cristiane Gercina
do Agora
Menos escolas estaduais receberão o Bônus da Educação neste ano. De cada dez unidades, três não terão o benefício porque não atingiram as metas propostas no Idesp (Índice de Desenvolvimento da Educação do Estado de São Paulo) em 2010.
Além disso, como caiu o desempenho dos alunos do 9º ano do ensino fundamental (de 2,84 para 2,52 entre 2009 e 2010) e do 3º ano do ensino médio (de 1,98 para 1,81) no Saresp (Sistema de Avaliação do Rendimento Escolar do Estado de São Paulo), a grana de quem trabalha nesses ciclos também será menor.
Os dados foram divulgados ontem pela Secretaria de Estado da Educação. A bonificação será paga no próximo dia 31, conforme afirmou o governador Geraldo Alckmin em entrevista exclusiva ao Agora. Segundo a Secretaria de Estado da Fazenda, o pagamento será feito por folha suplementar.

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