Meteorologista do CGE da Prefeitura de São Paulo concedeu entrevista ao Jornal da Estância


do jornal da estância

No último verão acompanhamos uma série de enchentes em vários pontos do País com um prejuízo incalculável em vidas, bens materiais e tudo que acarreta catástrofes provocadas por este tipo de fenômenos naturais.  A cidade de São Paulo como sempre é a mais atingida.  Fomos ouvir o meteorologista, Michael Rossini Pantera, do Centro de Gerenciamento de Emergências da capital. Acompanhe entrevista abaixo:

JE – Como funciona o Centro de Gerenciamento de Emergências da Prefeitura Municipal de São Paulo?

Michael – O CGE analisa a previsão do tempo e estamos em contato direto com a Defesa Civil, Bombeiros, Subprefeituras e CET, pois a primeira conseqüência de uma enchente é na questão do trânsito e nossos boletins fazem com que esses órgãos fiquem de prontidão.  O Corpo de Bombeiros também se utiliza muito dos nossos serviços, pois a partir de nossos boletins eles conseguem planejar suas ações no dia a dia.  Se houver uma chuva com potencial para alagamento hoje podemos planejar uma ação por região coisa que anteriormente não acontecia, pois a tecnologia usada no CGE nos obrigava a deixar toda a cidade em estado de atenção.  Hoje nossas ações são muito mais dirigidas por setores.  Existe um plano integrado entre todos os órgãos e secretárias que a partir de nossos boletins eles desenvolvem sua estratégia de ação. 

JE – O CGE faz as previsões ou recebe de algumas estações meteorológicas?

Michael – As previsões são feitas pelo CGE em cima do modelo numérico, então temos estações meteorológicas, radio sondagem, aeroportos, satélites, então todos esses dados são colocados no modelo numérico da atmosfera, e a partir dessa leitura das variáveis isso vai proporcionar uma previsão de até sete dias, quinze dias, um mês enfim o quanto a capacidade da maquina agüentar.  Existem aproximações, mas as previsões ainda não são perfeitas, pois trabalhamos com muitos dados e muitas variáveis.  E o CGE usa modelos do Cepetec entre outros e a partir daí o CGE faz a sua previsão. 

JE – Será que alguns erros que acontecem nas previsões estão ligados as alterações climáticas?

Michael – Na verdade não existem erros.  A imprensa que dá uma conotação alarmista da previsão do tempo que acaba se caracterizando como erro.  Eu não relaciono esse aumento do nível de erro a qualquer alteração do meio ambiente. Aonde se erra mais na previsão do tempo é na primavera e no outono por que são meses de transição.  E esse erro crescente é que eu não consegui analisar.  Primeiramente vamos colocar a questão da variabilidade climática, então um ano nunca é igual ao outro, essa convenção que a gente acha que todo ano tem que ser igual não existe.  A média esconde os eventos maiores e menores.  O caso de mudanças climáticas pode sim estar no caso de São Paulo, devido a uma grande impermeabilização do solo que acaba formando uma ilha de calor.  O que gera um temporal é umidade e calor, se tiver esses dois fatores o temporal será muito maior. Dentre esses fatores estamos falando de mudanças locais e regionais, isso com certeza está mudando. Existem também os fenômenos El ninõ e La nina que influencia em muito na quantidade da chuva.

JE – Quantas pessoas trabalham no CGE?

Michael – Bom o CGE funcionava 24 horas de novembro a abril, agora passará a funcionar o ano todo.  Basicamente o nosso quadro não chega a 20 pessoas entre engenheiros, analista de risco, meteorologistas, técnicos em meteorologia, assessoria de imprensa e mais cinco estagiários técnicos em meteorologia.  O CGE fica dentro da CET e não tem a nível de espaço físico a grandiosidade que mídia eventualmente coloca.  Para você ter uma idéia hoje ocupamos uma sala de dois por quatro e quando passarmos a operar o ano todo vamos ocupar uma sala de cinco por cinco. 

JE – Eu queria que você avaliasse a importância do CGE para uma cidade do tamanho de São Paulo?

Michael – Eu não tenho palavras para definir a grandiosidade do CGE.  Se com todo esse acompanhamento já é um caos imagine se não existisse.  Hoje temos as estações de medições pluviométricas em cada subprefeitura e estamos funcionando à quinze anos com a população tendo o CGE como referência.  Para você ter uma idéia nossa página já chegou a ter quatro milhões de acesso em um só dia.  Isso mostra a grandiosidade e importância do CGE para a prevenção de grandes catástrofes na cidade de São Paulo.
E qualquer cidadão pode acompanhar nosso trabalho em tempo real pelo site: www.cgesp.org.


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