Mortos no Japão chegam a 7.197; corrente elétrica em usina é religada

DAS AGÊNCIAS DE NOTÍCIAS

A Agência Nacional de Polícia do Japão informou neste sábado (noite de sexta no Brasil) que o número de mortes causadas pelo terremoto de magnitude 9, seguido de tsunami, que atingiu a costa nordeste do país no último dia 11, chegou a 7.197. O anúncio foi feito em meio a contínuos esforços para evitar um desastre nuclear no complexo de Fukushima, severamente atingido pelo tremor.
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Segundo a polícia, além dos mortos, 10.905 pessoas estão oficialmente desaparecidas.
Alguns dos desaparecidos poderiam estar fora da região atingida pelo tremor e tsunami, cujas ondas chegaram a 10 metros de altura.
A polícia também informou que a força das águas pode ter sugado muitas pessoas para o mar e, como ocorrido com o tsunami que, em 2004, atingiu países banhados pelo oceano Índico, a maioria desses corpos pode nunca ser encontrada.
Cerca de 390 mil pessoas, incluindo muitos idosos, estão sem casa e tentando se proteger das baixas temperaturas no Japão em abrigos na costa nordeste.
Alimentos, água, medicamentos e aquecimento são escassos.
Lee Jae-Won/Reuters
Pessoas fazem fila para comprar gasolina na vila de Ofunato, destruída pelo terremoto e tsunami do dia 11
Pessoas fazem fila para comprar gasolina na vila de Ofunato, destruída pelo terremoto e tsunami do dia 11

Nesta sexta, o governo japonês admitiu que sua resposta ao terremoto e ao tsunami da semana passada poderia ter sido mais rápida. Segundo o porta-voz Yukio Edano, planos de contingência falharam em antecipar a escala do desastre.
No entanto, as condições humanitárias da costa nordeste do Japão têm sido ofuscadas pela operação que tenta evitar um vazamento de radiação em larga escala do complexo nuclear de Fukushima Daiichi, 240 quilômetros ao norte de Tóquio.
Neste sábado (horário local), engenheiros da Tokyo Electric Power Company (Tepco), operadora do complexo, conseguiram reconectar a corrente de energia elétrica à usina por meio de uma linha de transmissão externa. Trata-se da última ação, em uma corrida contra o tempo, para evitar um grave acidente nuclear.
Após o sucesso, os engenheiros davam prosseguimento a um cabeamento no interior da usina. Só depois é que tentariam religar as bombas de água necessárias para resfriar os reatores. Com isso, a esperança é impedir o aquecimento e evaporação da água das piscinas dos reatores. O líquido impede o contato das varetas de combustível nuclear com o exterior --se aquecidas, els podem derreter e jogar radiação no ar.
Trabalhando no interior de uma área de 20 quilômetros de onde foram retirados todos os moradores, cerca de 300 engenheiros focam em tentar encontrar uma solução para restaurar a energia em bombas de quatro dos reatores.
"A Tepco conectou a linha de transmissão interna com o ponto de recepção da instalação e confirmou que eletricidade pode ser fornecida", afirmou a empresa em um comunicado.
Outros 1.480 metros de cabos estão sendo colocados dentro do complexo antes de tentar colocar para funcionar os refrigeradores no reator 2, e depois no 1, 3 e 4 no fim de semana, segundo funcionários da Tepco.
Se isso funcionar, será um ponto de virada na crise. "Se eles tiverem sucesso em colocar a infraestrutura de refrigeração em funcionamento, isso será um passo significativo em direção a estabelecer estabilidade", disse Eric Moore, um especialista em energia nuclear do FocalPoint Consulting Group, baseado nos EUA.
Caso o procedimento não funcione, há uma última opção sob consideração --enterrar a usina, de 40 anos, em areia e concreto para prevenir que a radiação seja liberada. O método foi usado para selar grandes vazamentos do desastre de 1986 em Tchernobil, na antiga União Soviética.
Durante toda a noite, caminhões continuaram jogando água em uma tática para resfriar o reator número 3, considerado o mais críticos devido ao seu uso de óxidos mistos, que contêm tanto urânio quanto plutônio.
Os caminhões se aproximam do reator por turnos, em intervalos de cinco a dez minutos, e despejam água durante vários segundos, antes de se afastarem para dar passagem à leva seguinte.
A previsão é que 50 toneladas de água sejam lançadas durante a operação, segundo a emissora pública NHK, que mostrou imagens da unidade 3 em que eram vistas colunas de vapor e fumaça branca saindo da usina.
Nesta sexta-feira uma equipe do Departamento de Bombeiros de Tóquio viajou para Fukushima com 30 caminhões-pipa para colaborar nos esforços para controlar os seis reatores da usina.
ENTENDA OS ACIDENTES NUCLEARES E OS EFEITOS DA RADIAÇÃO
GRAVIDADE
A agência de segurança nuclear do Japão elevou nesta sexta-feira a gravidade da crise nuclear na usina de Fukushima Daiichi de quatro para cinco, na Escala Internacional de Eventos Radiológicos e Nucleares, que vai até sete.
O reconhecimento da gravidade dos danos na usina, agora "um acidente com vazamento limitado", vem em meio aos esforços para lançar toneladas de água para resfriar os reatores e evitar um vazamento massivo de radiação.
A crise em Fukushima é agora comparável ao acidente na ilha Three Mile, nos Estados Unidos, que sofreu uma fusão parcial em 28 de Março de 1979, causando vazamento de radioatividade para a atmosfera.
Mas ainda está abaixo da maior tragédia nuclear da história, a explosão em Tchernobil, na Ucrânia, considerada nível sete, o mais alto jamais alcançado, definido como "um acidente maior, com um efeito estendido à saúde ao meio ambiente".
Segundo a agência de notícias Kyodo, a avaliação se refere apenas aos reatores 1, 2 e 3 dos seis da usina de Fukushima Daiichi, que estavam em operação durante o terremoto de magnitude 9 que atingiu o leste do país há uma semana.
Segundo a Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA), o núcleo dos reatores sofreu danos e teriam derretido parcialmente diante do aumento da temperatura, uma consequência da falha no sistema de refrigeração, causada pelo tremor.
Mesmo com o aumento, a avaliação japonesa continua abaixo da classificação feita pela Autoridade Francesa de Segurança Nuclear (ASN) --que havia classificado inicialmente o acidente como cinco, mas mudou nesta semana ao nível seis. O nível seis, ou "acidente grave", se refere a um "vazamento importante que pode exigir a aplicação integral de contramedidas previstas".
André Claude Lacoste, presidente da ASN, chegou a cogitar que o acidente em Fukushima chegue à gravidade de Tchernobil.
Efe
Imagem mostra fumaça branca sindo do reator 3; toneladas de água serão lançadas para resfriá-lo
Imagem mostra fumaça branca sindo do reator 3; toneladas de água serão lançadas para resfriá-lo

EUA
Nesta sexta, um monitor de radiação na Califórnia detectou uma "minúscula" quantidade de um isótopo da usina nuclear japonesa com problemas, informaram funcionários do governo nesta sexta-feira, insistindo, no entanto, que não há motivo para preocupação.
Na primeira confirmação de que a radioatividade já atingiu os Estados Unidos, a Agência de Proteção Ambiental (EPA, da sigla em inglês) informou que o monitor de Sacramento detectou "minúsculas quantidades de radioatividade em isótopo xenon-133".
"A origem foi determinada como consistente com o vazamento dos reatores de Fukushima, no nordeste do Japão", acrescentou em um comunicado conjunto com o Departamento de Energia.
No geral, contudo, a rede de sensores de radiação da EPA nos Estados Unidos, assim como no Havaí e ilhas Guam no Pacífico, "não detectou qualquer nível de radiação preocupante", informou o comunicado.



DAS AGÊNCIAS DE NOTÍCIAS
Um terremoto de magnitude 6,1 atingiu neste sábado o norte do Japão. Não há registro de danos ou vítimas do tremor, uma das centenas de réplicas do terremoto de magnitude 9 que devastou o nordeste do país no último dia 11.
Segundo o Serviço Geológico dos Estados Unidos, o tremor foi registrado às 18h56 deste sábado (6h56 em Brasília). O epicentro foi registrado a 52 km de Utsunomiya e 140 km da capital Tóquio. A profundidade do tremor foi de 24,9 km.
O USGS utiliza uma medição baseada na escala aberta de Magnitude de Momento, que mede a área da falha que se rompeu e a totalidade de energia liberada. Nesta escala, um terremoto de magnitude 6 ou superior pode causar danos significativos em áreas populosas.
Não havia ameaças de tsunami e nenhum dano ou acidente havia sido relatado até o momento, segundo o canal de TV NHK.
O Japão tem sido atingido por diversos abalos desde que um forte terremoto seguido por tsunami atingiu a costa nordeste do país em 11 de março, desencadeando uma crise de energia nuclear em Fukushima Daiichi.
Terremoto de magnitude 6,1 atinge norte do Japão; não há danos

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