Pela segunda vez, TCE suspende licitação para limpeza do Tietê em São Paulo



Arthur Guimarães
Do UOL Notícias
Em São Paulo

  • Em 28 de fevereiro, o Tietê voltou a subir e a atrapalhar o trânsito; foram três cheias em 2011
    Em 28 de fevereiro, o Tietê voltou a subir e a atrapalhar o trânsito; foram três cheias em 2011
Pela segunda vez neste mês, o Tribunal de Contas de São Paulo (TCE-SP) suspendeu a licitação aberta pelo governo estadual para retirar o lodo que se acumula no fundo do rio Tietê, cujas cheias voltaram a trazer transtornos ao paulistano.

Após uma denúncia feita pelo deputado Ênio Tatto, líder da bancada do PT na Assembleia Legislativa, o conselheiro Fulvio Julião Biazzi determinou, em sessão nesta terça-feira (27), que o Departamento de Águas e Energia Elétrica (DAEE) cancele a abertura da concorrência agendada para a próxima sexta-feira (29).
A primeira tentativa do Palácio dos Bandeirantes de contratar empresas para o serviço - tido como a principal bandeira do Executivo contra as enchentes na capital - foi anulada definitivamente pelo TCE-SP no dia 6 de abril.
Na ocasião, o colegiado entendeu que houve um “vício de ilegalidade”, pois a modalidade de licitação escolhida, o pregão, deveria ser usado somente para serviços comuns (cujos padrões de qualidade possam ser objetivamente definidos) e não para tarefas de alta complexidade técnica - como seria o trabalho de desassorear a calha do Tietê.
Por conta da decisão, o DAEE publicou um novo edital no dia 14. No entanto, o orgão ignorou as considerações do tribunal e optou novamente pelo pregão.
O eixo da argumentação de Tatto - que foi julgada procedente pelo TCE - é que o governo estadual estaria repetindo o erro. A interrupção no processo deve perdurar até que o DAEE envie suas argumentações sobre o caso, assim como toda a documentação da nova licitação aberta. Depois disso, o tema entrará novamente na pauta do tribunal - mas não há previsão de quando isso irá ocorrer.
"Observo que a impugnação ora intentada suscita justificada dúvida quanto ao efetivo cumprimento da decisão anterior", escreveu o conselheiro em seu voto. Segundo Biazzi, a necessidade de acompanhamento técnico de algumas atividades da futura contratada, "por profissionais qualificados", deixa a "impressão de que não se tratam de serviços de natureza comum".
Procurado para comentar a decisão do tribunal, o DAEE ainda não se pronunciou.

Histórico de problemas

No total, após enfrentar três transbordamentos do Tietê desde a posse, o governador Geraldo Alckmin (PSDB) anunciou um pacote de intervenções de macro drenagem da ordem de R$ 558 milhões na Região Metropolitana, sendo que a limpeza do fundo do Tietê é um dos itens mais importantes do plano.
Destino do equivalente a cerca de 400 piscinas olímpicas de lixo e resíduos todo ano, o trecho metropolitano do rio Tietê passou por uma grande obra de rebaixamento de sua calha, em intervenção entregue em 2006 e financiada em parte com recursos do Japan Bank for International Cooperation (Jbic).
Na ocasião, pelo preço de quase R$ 2 bilhões, o governo alargou o rio em até 30 metros e o aprofundou em 2,5 metros. A promessa era a de que o Tietê não voltaria a transbordar tão cedo.
Como mostrou reportagem do UOL Notícias em 25 de março, no entanto, nos três anos seguintes à inaguração da obra (2006, 2007 e 2008), o serviço de desassoreamento não foi realizado. Na ocasião da publicação da reportagem, engenheiros e geólogos criticaram tal suspensão, afirmando que o assoreamento acumulado poderia potencializar novos transbordamentos.
Em 2008, o então governador José serra (PSDB) voltou a limpar o rio, mas somente a partir de outubro. Desde então, o volume retirado anualmente do Tietê foi sendo suplementado seguidamente pelas autoridades, já que a incidência das cheias no rio passou a tornar-se novamente preocupante.

Auditoria japonesa apontou carência orçamentária

Em 2009, a Agência de Cooperação Internacional do Japão (JICA), que passou a cuidar da obra executada pelo parceiro Jbic, chegou a produzir uma auditoria cujo relatório final apontava serem "insuficientes" as verbas alocadas pelo governo de São Paulo para a manutenção do rebaixamento do leito.
No documento, que classificava como "satisfatório" o estado geral de conservação da obra, os auditores destacaram que investimentos mais pesados deveriam ser feitos no desassoreamento, sob pena de novas cheias.
Por conta de todos esses problemas, o Ministério Público (MP) anunciou a abertura de inquérito civil para apurar as consequências da suspensão na limpeza e as eventuais responsabilidades pela decisão.
Atualmente, o contrato usado pelas autoridades para limpar o rio também apresenta problemas, segundo estudo da Liderança do PT na Assembleia Legislativa. Segundo levantamento feito no Sistema de Informações Gerencias da Execução Orçamentária (Sigeo), o DAEE já aditou (prolongou) em 52% o contrato inicial, sendo que o limite legal, teoricamente, é de 25%.
Tal aumento levou os deputados de oposição a fazerem uma nova representação no MP, pedindo explicações do governo. Os parlamentarem também anunciaram que convidaram os responsáveis pelo DAEE a comparecer ao Palácio Nove de Julho para esclarecer toda a questão.
publicado em 27/04/2011 às 15h00:

Emprego formal no Brasil cresce 43,5% em oito anos

Em ritmo menor, informalidade também sobe e continua à frente da formalização, diz Ipea

O Brasil ampliou o número de empregos formais em 43,5% entre 2001 e 2009, segundo estudo do Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada) divulgado nesta quarta-feira (27). Há oito anos, havia 28,5 milhões de trabalhadores com carteira assinada e, em 2009, esse quadro subiu para 41 milhões de brasileiros.

No mesmo período, a população economicamente ativa no país aumentou 21,5% e passou de 83,2 milhões de pessoas para 101,1 milhões.

De acordo com o Ipea, a contratação de empregados com carteira de trabalho assinada, que subiu 46% no período, alavancou a formalização.

Os novos funcionários públicos, cujo número cresceu 38% entre 2001 e 2009, e os trabalhadores domésticos formalizados, com alta de 30% no período, também contribuíram para os resultados.

Informalidade
Assim como o trabalho formal, o número de trabalhadores informais também subiu entre 2001 e 2009, ainda que em ritmo mais moderado. A quantidade de empregados informais subiu 9,2% e passou de 43,7 milhões para 47,7 milhões em oito anos.

O Ipea destaca que, apesar da alta menor que o trabalho formal, “as ocupações informais ainda são em maior número”.
O trabalho informal registrou os maiores crescimentos em profissões como a dos trabalhadores domésticos sem carteira (20%), trabalhadores por conta própria (12,1%) e dos empregados sem carteira assinada (10,3%).

O instituto alerta, no estudo, que a formalização só cresceu porque houve a criação de vagas legalizadas.

- Em resumo, os dados indicam que o processo de formalização do mercado de trabalho brasileiro ocorreu mais por meio do aumento dos postos de trabalhos com carteira assinada [e também funcionários públicos] do que pela redução das ocupações informais [aumento de 12,4 milhões contra 4 milhões].
http://noticias.r7.com/economia/noticias/emprego-formal-no-brasil-cresce-43-5-em-oito-anos-20110427.html

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