Acordo prevê fim dos cobradores de ônibus



CRISTIANE BOMFIM
Com o argumento de que apenas 8% dos usuários de ônibus na capital pagam as passagens com dinheiro, o Sindicato de Motoristas e Cobradores (Sidmotoristas) e o das empresas assinaram acordo para acabar com a função de cobrador em São Paulo. Por dia, a frota de ônibus (que não inclui vans e micro-ônibus)transporta 5,5 milhões de pessoas.
A proposta não foi comunicada pelas entidades à Prefeitura, não tem data definida para ser adotada e deve ser implantada aos poucos. A Secretaria de Transportes informou, por nota, que não tem nenhum estudo para retirada destes trabalhadores dos coletivos.
A intenção de remanejar cobradores para outras funções foi apresentada pelo Sindicato das Empresas de Transporte Coletivo Urbano de Passageiros de São Paulo (SPUrbanuss) e aprovada pelos trabalhadores em assembleia no dia 18. “Essa é uma discussão que se arrasta desde a gestão Celso Pitta (1997-2000), mas na época não havia garantias de que não ocorreriam demissões”, afirma o diretor de comunicação do Sindmotoristas, Nailton Francisco.
Segundo promessas do sindicato que representa as 32 empresas que operam na capital, os cobradores farão funções como mecânicos, fiscais, manobristas em pátios e até motoristas. Além disso, segundo o acordo, o motorista que trabalhar sem o cobrador receberá adicional de R$ 250.
Para passageiros, cobradores e motoristas, a mudança não é bem vinda. “E quem não está acostumado a andar de ônibus e embarca com dinheiro?”, diz a ajudante de cozinha Maria Solange de Fátima, de 40 anos. Outras preocupações dos usuários são a fila para entrar no coletivo e a segurança. “O motorista terá que cobrar a passagem de quem embarca com dinheiro. Ou dirige ou dá o troco. Ele não vai prestar atenção nas duas coisas”, afirma o encarregado de almoxarifado Mauro Henrique Alves de Oliveira, de 35 anos.
Entre os cobradores, a preocupação é o desemprego. “Não dá para confiar. Não vai ter como recolocar todos os cobradores em outras funções”, diz o cobrador Anderson Medeiros da Rocha, de 30 anos. A capital tem uma frota de 8.370 ônibus e cerca de 15 mil cobradores e 15 mil motoristas.
Motorista há 16 anos, Clodoaldo Alves da Silva, de 37 anos, diz que seu trabalho ficará mais difícil sem o cobrador. “Ele (cobrador) ajuda idosos e deficientes a embarcarem, orienta numa manobra mais complicada. Eu sozinho não tenho como fazer isso”, diz.
Segundo a lei municipal 13.207 de 2001, é obrigatório que todos os ônibus tenham um “funcionário além do motorista” para auxiliar usuários, ajudar o motorista, evitar o não pagamento de passagem e fazer a cobrança quando necessário. A assessoria de imprensa da Câmara Municipal informou que não há nenhum projeto de lei preveja a alteração da lei.
Questionada sobre o possível não cumprimento da legislação, a SPUrbanuss diz que a mudança não vai ferir a lei. “Não existe exigência de que o ônibus tenha um motorista e um cobrador e sim um segundo tripulante”, afirma em nota. O sindicato diz ainda que há “um movimento que prevê o esvaziamento da função relativa à cobrança. As etapas, bem como as iniciativas para que isso aconteça, serão avaliadas”. 


Duplicação da Tamoios deve começar em janeiro



Após quase duas décadas de espera, o projeto de duplicação da Rodovia dos Tamoios (SP-99), principal ligação entre o Vale do Paraíba e o litoral norte paulista, deve começar a sair do papel. A obra é a principal reivindicação de prefeitos da região e uma das promessas de campanha do governador Geraldo Alckmin (PSDB) desde sua primeira gestão no governo do Estado.
O novo cronograma para duplicação será divulgado na sexta-feira, em São José dos Campos. Alckmin fará o anúncio em seu programa de governo itinerante. Durante dois dias – sexta e sábado –, a sede do governo do Estado vai funcionar na cidade.
A duplicação da rodovia deve custar R$ 4,5 bilhões, segundo estimativas iniciais. A obra será executada por meio de Parceria Público-privada (PPP) e há expectativa de que seja iniciada em janeiro. A proposta foi aprovada em reunião do Conselho Gestor do Programa Estadual de Parcerias Público-privadas. A ata do encontro foi publicada no fim da semana passada no Diário Oficial do Estado.
O órgão cita como justificativa para a aprovação do empreendimento o “desenvolvimento sustentável da região”, a importância de oferecer condições melhores para explorar o potencial turístico do litoral norte e a necessidade de aprimorar a ligação para o Porto de São Sebastião, tendo em vista projetos de ampliação do porto e o potencial do pré-sal na região.
A proposta apresentada pela Desenvolvimento Rodoviário S.A. (Dersa) ao Conselho prevê duplicação dos 82 quilômetros da rodovia e construção de contornos viários para desviar o tráfego de Caraguatatuba e São Sebastião, além de uma nova rodovia às margens da Serra do Mar seguindo para o Porto de São Sebastião.
Com isso, o tráfego de caminhões e carretas não passaria dentro das cidades. Em Caraguatatuba, o anel viário aliviaria o trevo, que recebe e distribui o trânsito para São Sebastião e Ubatuba. A estrada ainda beneficiaria um shopping de médio porte que deve ser aberto até novembro em Caraguatatuba.
A nova Tamoios ficaria com duas faixas de tráfego em cada sentido no trecho de planalto. Já na serra haveria uma remodelagem para operar com duas faixas e um acostamento na descida. Uma nova pista para a subida seria construída nas mesmas condições. O projeto inicial prevê nove viadutos e cinco túneis. “Esses aspectos ainda se encontram sob estudo e devem ser aprofundados com o desenvolvimento do projeto”, diz o documento no Diário Oficial.
Após anos de promessas, a notícia da duplicação da Tamoios está sendo recebida com ceticismo no meio político. O anúncio também desenterrará as discussões relacionadas à ampliação do Porto de São Sebastião, que está condicionada à duplicação da rodovia.
A Tamoios é palco de dezenas de acidentes e a cada ano engrossa as estatísticas da Polícia Rodoviária Estadual. Possui pista simples, mas há alguns anos o Departamento de Estradas de Rodagem (DER) transformou trechos de acostamento em pista auxiliar. O pior trecho fica entre as cidades de Paraibuna e Jambeiro. Enormes crateras são abertas pelas carretas que têm como destino o Porto de São Sebastião.
O percurso entre São José dos Campos e Caraguatatuba é feito em uma hora, mas, em temporadas e feriados, chega a sete horas

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