Motoristas selam nesta terça-feira destino da população



Condutores de ônibus definirão nesta terça-feira (31) em assembleia se iniciarão greve na madrugada desta quarta-feira. Se proposta feita por donos de empresas for recusada, quem depende do transporte público estará por conta própria e quem tem carro ou moto enfrentará um trânsito ainda mais complicado


Gilson Hanashiro/Agência BOM DIADesde sexta-feira motoristas estão em estado de greve e mantém os faróis dos ônibus acesos, mesmo durante o dia, como forma de pressionar os donos de empresas a negociar o atendimento de suas reivindicações.
Mayco Geretti
Agência BOM DIA
Nesta terça-feira (31), em uma assembleia que será dividida em sessões às 10h e 18h, integrantes do Sindicato dos Condutores de Sorocaba decidirão se o transporte público vai parar em Sorocaba e Votorantim a partir da madrugada desta quarta-feira. Nesta segunda-feira (30), em reunião com os donos de empresas de ônibus, diretores do sindicato receberam uma proposta que nesta terça-feira (31) será votada pela categoria. Se não for aceita, à meia-noite os motoristas iniciarão oficialmente sua paralisação.
Nesta segunda-feira (30), por quase três horas,  representantes do sindicato e diretores das cinco empresas  (STU, Reunidas, Jundiá, Rosa,São João e Votur) que possuem ônibus atendendo a Sorocaba e Votorantim se reuniram na sede do Sindicato dos Condutores para tentarem um acordo.
O encontro foi intermediado por representantes da Urbes - Trânsito eTransporte. Ao final da reunião a portas fechadas, ambas as partes afirmavam que a conversa havia avançado consideravelmente. Prova disso é o fato da diretoria do sindicato sujeitar a proposta à assembleia nesta terça-feira. Antes do encontro, o vereador e vice-presidente do sindicato, Francisco França, disse que a proposta só seria avaliada se fosse “plausível e decente”. Caso contrário, estaria mantida a greve já para a madrugada desta terça-feira. 
Otimistas /Para o presidente do Sindicato dos Condutores, Paulo João Estausia, a proposta oferecida pelos donos de empresas de ônibus tem grandes chances de ser aceita em assembleia. “Caberá aos motoristas bater o martelo. Se eles optarem pela greve, cumpriremos, mas acredito que a proposta é boa.”
André Luís Abi Chedid, dono da empresa Jundiá, afirma que nesse ano as negociações caminharam melhor que em 2010, quando a empresa teve de entrar na Justiça solicitando que o Tribunal Regional do Trabalho arbitrasse o valor do dissídio para os motoristas. “Desta vez me parece que o bom senso das partes está prevalecendo.”
A principal reivindicação dos motoristas diz respeito ao reajuste salarial da categoria. Enquanto eles  exigem aumento de 10,6%, até  a semana passada os donos de empresas de ônibus ofereciam 7,3%. Nesta segunda-feira (30), no entanto, a nova proposta atingiu o patamar dos 9% de reajuste. A proposta também contempla R$ 700 de participação nos lucros e resultados (contra R$ 800 reivindicados) e ticket refeição  de R$ 14 (atualmente são R$ 13 e os motoristas pediam R$ 15).
Outra exigência do sindicato é a contratação de 100 agentes de bordo, que têm como função auxiliar a população e evitar a evasão através da ação dos pula-catracas. Os donos de empresas propuseram a contratação de metade, entre janeiro e março do próximo ano.
Menos usuários
Segundo a Urbes - Trânsito e Transportes, entre 1997 e 2010 o sistema público de transporte em Sorocaba acumulou queda de 11% no número de usuários. No ano passado 4,4 milhões de pessoas foram transportadas. Esse número leva em conta o número de viagens, ou seja, se uma pessoa vai e volta do trabalho, são contadas duas viagens. Segundo a Urbes,  não há como contabilizar o percentual da população que utiliza o transporte público diariamente.
À sombra da greve, Joice pensa no pior
Dependente dos coletivos, dona de casa afirma estar “sofrendo de véspera” só pelo fato de se lembrar de paralisações dos últimos anos
“Quando o transporte falta é que nos damos conta do quanto somos dependentes dele. Fico em casa, sem conseguir ir ao banco, levar minha filha ao médico, presa”. O relato é da dona de casa Joice Correa Ferreira, 24 anos, que nesta segunda-feira (30) carregava a filha de quatro anos no colo após deixar o Terminal Santo Antônio. Assim como as demais pessoas que dependem do transporte público, ela fica assustada com a mera possibilidade de paralisação.
O temor, quase sempre, vem acompanhado de indignação: “Não é possível que os motoristas não sejam sensíveis à realidade  do cidadão que não possui outra condução. A vida de quem fica sem ônibus vira de pernas para o ar”, relata a faxineira Vanusa Mendes, 42.
O presidente do Sindicato dos Condutores, Paulo João Estausia, afirma que caso a greve chegue a acontecer, 30% da frota deverá ser mantida nas ruas. “Com os dias, no entanto,  o movimento poderia evoluir para uma paralisação total.”
Veículos nas ruas /Em 2009, quando motoristas das empresas TCS e STU pararam, o trânsito de Sorocaba tornou-se mais caótico que o normal. Sem ônibus, usuários do transporte coletivo urbano que possuem veículos tiraram seus carros e motos da garagem, reduzindo a fluidez do tráfego na cidade como um todo mesmo fora dos horários de pico. Se a situação se repetir, a parcela da frota total de 300 mil veículos que passa alguns dias da semana na garagem ganhará as ruas como opção de locomoção.
O pintor Jeferson Mendonça, 43, tem um carro, mas só o utiliza aos finais de semana. “Normalmente uso bicicleta, mas sem ônibus, tenho de guiar o carro para levar os filhos para a escola, uma vez que minha esposa não sabe dirigir.”
A comerciária Maria de Fátima Ildefonso, 40, relembra que em uma das greves teve de andar em lotações clandestinas para conseguir chegar ao trabalho. “Meu chefe não aceita a greve como justificativa para atrasos e faltas. Paguei do meu bolso para manter o emprego.”

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