Polícia investiga três hipóteses para assassinato em Jandira



JULIANNA GRANJEIA
DE SÃO PAULO
A Polícia Civil trabalha com três linhas de investigação do assassinato do ex-policial militar Jairo Lemes de Aquino, no domingo (29), em Jandira (Grande São Paulo): crime político, envolvimento em crime organizado e motivação passional.
Aquino é irmão do ex-secretário de habitação Wanderley Lemes de Aquino, indiciado sob suspeita de ser um dos mandantes do assassinato do prefeito da cidade, Walderi Braz Paschoalin, em dezembro de 2010. Ele foi morto na porta da casa de uma suposta amante, na Vila Mercedes, após ser chamado pelo nome. A mulher ouviu os tiros e o encontrou caído no chão.
A polícia investiga a origem de uma pistola com a numeração raspada encontrada no local onde o ex-PM foi morto.
Segundo o delegado titular de Jandira, Zacarias Tadros, há indícios de que Jairo tinha envolvimento com o crime organizado. "Estamos analisando informações que tivemos que indicam que essa ligação. Por enquanto estamos pegando depoimentos informais para não perder os vestígios iniciais", afirmou.
O delegado também afirmou que desarquivou o inquérito sobre o assassinato do vereador de Jandira Márcio Soares de Almeida, em 2001. "Ele pode estar implicado nesse crime, há indícios. Naquela época, Wanderley Aquino era suplente."
"Também continuamos investigando se há ligação dele [Jairo Aquino] com o assassinado do prefeito [Paschoalin] por ser irmão do ex-secretário [Wanderley Aquino] e ter um histórico de ligação com o crime", afirmou Tandros.
A hipótese de crime passional também não é descartada, segundo o delegado, por Jairo ter sido morto na casa de uma mulher com quem mantinha, supostamente, uma relação extraconjungal. "É a hipótese menos provável, mas não descartamos", afirmou Tadros.

O CRIME

O assassinato aconteceu quando o prefeito de Jandira chegava a uma rádio da cidade para participar de um programa semanal. Na ocasião, ele foi baleado por dois atiradores que o atingiram com ao menos 13 tiros de fuzil e submetralhadora. O motorista e segurança do prefeito também foi atingido.
Aquino foi denunciado pelo Ministério Público, em fevereiro, como um dos mandantes do assassinato. Além dele, foram denunciados também o ex-secretário de Governo de Jandira, Sérgio Paraízo, e o ex-candidato a vereador Anderson Luiz Elias Muniz, o Ganso.
A Promotoria denunciou ainda Adilson Alves de Souza, o Alemão ou Dilsinho, Lázaro Teodoro Faustino, o Lazinho, Lauro de Souza, o Negão, e o ex-policial militar Robson da Silva Lobo.
Segundo a denúncia, o prefeito foi morto porque demitiu Paraízo, seu antigo colaborador, e por conta de desentendimento com Aquino, que também pretendia demitir do cargo.
O documento afirma ainda que havia vários esquemas de corrupção na Prefeitura de Jandira, envolvendo desvios de dinheiro público, licitações fraudulentas, superfaturamento e nomeação de funcionários fantasmas.
Na versão do Ministério Público, os ex-secretários tramaram a morte do prefeito a fim de assumir o controle desses esquemas e contrataram os outros quatro denunciados para executar o crime.
Robson, um ex-policial militar, ficou encarregado de conseguir as armas. Na véspera do assassinato, foi visto recebendo grande quantia em dinheiro e se encontrou com Alemão na mesma noite.
Segundo a Promotoria, as investigações apontaram que o carro onde estavam o prefeito e o motorista foi interceptado por um Polo ao chegar à emissora de rádio. Adilson e Lázaro desceram do carro e dispararam várias vezes, matando o prefeito e ferindo o motorista. Lauro de Souza lhes dava cobertura.
Seguidos por Lauro os dois fugiram até a estrada das Pitas e entregaram as armas para um homem em um carro prata. Adilson e Lázaro foram presos perto dali, e a polícia encontrou um veículo prata na estrada.
Todos foram denunciados por homicídio triplamente qualificado e por tentativa de homicídio.
O advogado de Paraízo, Ademar Gomes, afirma que não há consistência nas provas. "As provas contra ele são muito fracas. Pode ser que existam indícios muito frágeis, porque tudo pode ser indício para uma denúncia, mas não há consistência nas provas. Na minha convicção, ele é inocente", diz.

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