São Paulo mostra ao mundo energia produzida do lixo




TIAGO DANTAS
A geração de energia elétrica para 139 mil imóveis a partir do lixo em decomposição nos aterros sanitários da cidade será um dos projetos que a Prefeitura de São Paulo pretende apresentar semana que vem durante a conferência do C-40, grupo que reúne prefeitos das 40 maiores cidades do mundo para discutir problemas ambientais e mudanças climáticas.
As usinas instaladas nos aterros desativados Bandeirantes, em Perus, zona oeste, em 2004, e São João, em São Mateus, zona leste, em 2007, produzem 40 MW de energia elétrica por hora – suficiente para suprir o gasto de 600 mil pessoas, segundo a Prefeitura. O projeto evitou a emissão de 5 milhões de toneladas de gás carbônico (que seriam jogados na atmosfera se o gás metano não fosse aproveitado), segundo a Biogás Energia Ambiental, que administra o sistema.
Outros dois projetos que São Paulo pretende mostrar para o resto do mundo na C-40 tem resultados menos expressivos. A substituição do diesel dos ônibus da cidade por fontes de energia limpa atinge cerca de 10% da frota em circulação, enquanto a criação de novas parques e o plantio de árvores não é suficiente para chegar ao índice de 12 metros quadrados de área verde por habitante recomendado pela Organização Mundial de Saúde (OMS).
Os aterros de São Paulo são os únicos do País a aproveitarem o gás metano produzido pela decomposição do material orgânico para gerar energia. Pela quantidade de lixo acumulado, eles devem fornecer matéria prima para as usinas pelos próximos 30 anos, segundo o engenheiro Tiago Nascimento Silva, gerente operacional da Biogás. “É uma usina termoelétrica. Não polui a atmosfera”, explica.
A energia entra na rede da AES Eletropaulo e é distribuída normalmente para casas e empresas. “É um grande projeto. Evita o aquecimento global e ajuda na matriz energética, porque é uma nova fonte de energia”, opina o secretário municipal do Verde e Meio Ambiente, Eduardo Jorge. Professora do Departamento de Saneamento e Ambiente da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), Eglê Novaes Teixeira lembra que a viabilidade econômica deste tipo de usina depende do tamanho dos aterros.
“Não há nada contra este tipo de produção de energia. O único problema é o custo elevado. Em São Paulo, os aterros são grandes. É só questão de aproveitar o metano, um subproduto da queima da matéria orgânica. Quando você tem pequenos espaços, a geração de metano não é suficiente”, afirma Eglê. A experiência paulista será apresentada às outras cidades em 2 de junho. Do debate, participarão representantes de Jakarta, na Indonésia, Cidade do México, no México, e Lima, no Peru.
Esta será a 4ª edição do C-40. Eduardo Jorge acredita que a reunião pode ser um passo importante para que as maiores cidades do mundo reivindiquem um papel mais importante nas decisões de políticas ambientais, que hoje ficam sob responsabilidade dos governos nacionais e da Organização das Nações Unidas (ONU).

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