Advogado abandona audiência e suspende depoimentos em Campinas


Marilia Rocha - Campinas

O depoimento do ex-presidente da Sanasa (empresa mista de saneamento de Campinas) Luiz de Aquino, delator do suposto esquema de corrupção na Prefeitura de Campinas (SP), foi suspenso nesta sexta-feira (29) depois que o advogado Alberto Zacharias Toron abandonou a audiência.
Segundo o Ministério Público, o advogado abandonou a sessão por discordar da presença da imprensa no local. Ele deixou o fórum sem falar com os jornalistas.
Toron defende os empresários José Carlos Cepera, Wilson Vitorino de Souza e Lúcio de Souza Dutra, réus no processo sobre um esquema de formação de quadrilha, lavagem de dinheiro e fraudes em licitações de 11 cidades de São Paulo e do Tocantins.
Cepera, que ainda deve fiança de R$ 10,9 milhões à Justiça, não compareceu à audiência. Os outros dois réus tiveram defensores públicos nomeados pelo juiz Nelson Augusto Bernardes após Toron abandonar a audiência.
O juiz disse que seria necessário que a defensoria tivesse acesso ao processo e determinou que a audiência seja retomada em 29 de setembro. Nenhum dos oito depoimentos previstos para esta sexta-feira chegou a ser realizado.
"Os defensores pleitearam que fosse proibida a filmagem e o acompanhamento pela imprensa, sob pena de se retirarem", afirmou o promotor Amauri Silveira Filho.
"Lamentavelmente, de forma inédita e inusitada, os advogados abandonaram a sala, deixando os réus sem possibilidade de defesa técnica", disse.
Segundo ele, a presença de imprensa, já liberada em outras duas audiências do caso, garante lisura ao processo e resposta a cobranças da sociedade, e não prejudicaria a defesa.
O promotor ainda pediu ao juiz que seja revogada a fiança e restaurado o pedido de prisão preventiva de Cepera. Bernardes irá analisar o pedido em cinco dias.
DENÚNCIA
Oito empresários foram denunciados pelos promotores, em setembro do ano passado, por envolvimento no esquema de corrupção de fraudes em licitações de contratos que somam R$ 615 milhões.
Cepera é acusado de chefiar a quadrilha e comandar ao menos seis empresas envolvidas. A organização agia, supostamente, através de pagamento de propinas a agentes públicos ou combinando previamente com outras empresas qual seria a vencedora de uma determinada licitação.
CAMPINAS
Em janeiro deste ano, o ex-presidente da Sanasa, Luiz de Aquino, que deveria depor nesta sexta-feira como testemunha nesse processo, optou pela delação premiada e deu início a uma nova linha de investigação.
Ele apontou a participação de agentes públicos de Campinas no esquema, entre eles a mulher do prefeito Hélio de Oliveira Santos (PDT), Rosely Nassim Santos. Esse novo braço da investigação resultou na denúncia de 22 pessoas, acusadas de montarem um esquema de fraude de licitações e pagamento de propina.

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