Menino disse que ia atirar em professora


Por Camilla Hadad, Fabiano Nunes e Willian Cardoso
Um dia antes de atirar na professora Rosileide Queiroz de Oliveira, de 38 anos, e cometer suicídio, o estudante Davi Mota Nogueira, de 10 anos, teria dito a colegas de classe que cometeria o crime. A informação foi dada ontem pela professora de Ciências e Geografia Priscila Rasante em depoimento no 3º Distrito Policial de São Caetano do Sul, no ABC. Ela contou que ouviu esse comentário dos estudantes durante o tumultuo que se formou logo após a tragédia, quinta-feira, na Escola Municipal Alcina Dantas Feijão.
A versão de que os colegas sabiam das intenções de Davi é reforçada por relatos dos primeiros policiais militares que chegaram à escola. Amigos do garoto teriam dito aos PMs que Davi mostrou o revólver para eles no banheiro. Mas no 3º DP, até ontem, nenhuma testemunha confirmou a informação em depoimento.
Na tarde de quinta-feira Davi estava na aula quando pediu licença para ir ao banheiro e, segundos depois, retornou à classe e baleou Rosileide dentro da sala e em seguida disparou contra a própria cabeça. O menino foi enterrado ontem e a professora continua internada no Hospital das Clínicas.
Segundo a delegada que investiga o caso, Lucy Mastelli Fernandes, Priscila estava na escola no momento da tragédia. A versão da docente será investigada e crianças devem ser ouvidas na próxima semana, na presença de uma psicóloga.
Além de Priscila, também prestaram depoimento ontem uma professora de matemática e uma coordenadora da escola.
Cerca de 200 pessoas acompanharam o sepultamento de Davi no Cemitério das Lágrimas, no bairro Mauá, em São Caetano. O caixão branco foi coberto com uma bandeira do Santos, time do coração do menino. Os pais do garoto ficaram o tempo todo ao lado do caixão. Minutos antes do enterro, um integrante da Igreja Presbiteriana cantou um hino à capela. “O Davi era muito tranquilo. Não tinha histórico de indisciplina na escola”, disse a prima do garoto, Diana Machado Mota, de 26 anos. Ela contou ainda que, Davi tocava bateria na Igreja Presbiteriana desde os 5 anos. “Não há uma explicação. Mas uma coisa é certa, para ele ter feito isso deve ter tido alguma motivação”, afirmou.
Uma professora de Davi, que acompanhava o velório, se disse surpresa. “Quando me contaram que um aluno tinha atirado na professora, pensei em muitas crianças, com algum tipo de problema, em nenhum momento pensei no Davi. Ele era super tranquilo”, disse ela, que não quis se identificar.
Os pais de Davi saíram do cemitério sem falar com a imprensa. Eles foram amparados pelo filho mais velho e cercados por guardas-civis na saída do cemitério.

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