Prefeitura admite que cemitérios são inseguros



Administração municipal diz que pessoas não devem usar adornos de maior valor nas sepulturas de familiares

Giuliano Bonamim
giuliano.bonamim@jcruzeiro.com.br

A Prefeitura de Sorocaba admite a falta de segurança nos cemitérios públicos da cidade. Prova disso é a orientação dada às famílias concessionárias a não utilizarem adornos com maior valor comercial nas sepulturas. Peças de bronze ou de mármore têm sido alvos de bandidos nos cemitérios da Saudade, Consolação, Santo Antônio e de Aparecidinha. A Secretaria de Obras e Infraestrutura Urbana (Seobe) também esclarece que possíveis danos e furtos nas sepulturas são de responsabilidade das famílias, conforme determinado pelo artigo 12 da Lei Municipal nº 5.271/1996.

A dona de casa Benedita Monteiro, 57 anos, tem o pai e o filho sepultados no cemitério Santo Antônio, no bairro Wanel Ville. Segundo ela, a lápide de porcelana do túmulo foi quebrada e o crucifixo de bronze furtado recentemente. "Sem contar que aquele lugar mais parece um pasto, pois o que eu mais encontro lá dentro é cavalo, cachorro e até cabrito", diz. Benedita disse ter sido orientada por funcionários do cemitério a evitar colocar bronze e mármore no local para evitar mais prejuízos. "Mas onde está a nossa segurança?", desabafa.

Um dos casos mais problemáticos de Sorocaba é o cemitério Santo Antônio. O muro está previsto para ser concluído no fim deste ano, a Seobe não confirma a data do início das obras, mas informa que a cerca de alvenaria terá 850 metros de extensão e 2,20 metros de altura. O cemitério está localizado na zona oeste de Sorocaba e no local encontram-se aproximadamente 22 mil pessoas sepultadas. Atualmente, apenas uma cerca de arame farpado delimita o recinto e provoca um sentimento de insegurança entre a vizinhança. Na região não há nenhum sinal das obras. Moradores dizem que havia uma placa informativa para a contratação de interessados em erguer o muro, mas o aviso foi retirado.

O pedreiro Gilberto Pereira de Camargo, 45 anos, mora atrás do Santo Antônio e garante ser comum flagrar irregularidades no local. "Muita gente entra no cemitério para usar drogas, furtar metais e até praticar sexo", diz. A rua Antônio Carrasco dá acesso aos fundos do Santo Antônio e desse ponto é fácil entrar no local. Parte da cerca está danificada e a abertura serve até para os moradores da região cortarem caminho por dentro do cemitério e alcançarem a rua Luiz Gabriotti. A autônoma Angela Maria Aparecida Silva, 44, também mora nos fundos do cemitério e torce para o muro ser construído o mais rápido possível. "A gente também sofre com o mau cheiro e com o aparecimento de insetos", comenta.

Em fevereiro deste ano, a Prefeitura de Sorocaba foi sentenciada pela Justiça a erguer o muro de alvenaria em torno do cemitério Santo Antonio. Na sentença, o juiz da Vara da Fazenda, Alexandre Dartanhan de Mello Guerra, também condenou a municipalidade a pagar indenização de R$ 10 mil a uma vizinha do cemitério, que achou, por duas ocasiões, partes de corpo humano amputado, levados por cachorros, no jardim de sua casa.
O não cumprimento da sentença acarretaria uma multa de R$ 1 mil ao dia, mas a Prefeitura recorreu da decisão e já concluiu o processo de licitação para construção do muro em R$ 331 mil.

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