Sorocaba: Usuários reclamam de fila nos terminais



Passageiros rebatem informações divulgadas pela Urbes, minimizando o problema

Carlos Araújo
carlos.araujo@jcruzeiro.com.br

Todos os passageiros de ônibus ouvidos ontem pelo Cruzeiro do Sul discordaram da avaliação do presidente da Urbes, Renato Gianolla, de que a empresa pública atualmente já não registra problemas com fila nos terminais urbanos de Sorocaba. Esta declaração de Gianolla foi dada anteontem, por escrito, como resposta a questões encaminhadas pelo jornal sobre reportagem publicada no domingo e que mostrou reclamações de passageiros com problemas como filas para compra de cartões e para embarque nas plataformas dos terminais, lotação dos ônibus, atrasos nas viagens provocados pelo trânsito lento. "Eles (Urbes) estão precisando de óculos", ironizou a funcionária pública Geanete Santos de Oliveira Bonan, de 45 anos, que todos os dias pega três ônibus para se deslocar do bairro onde mora, Júlio de Mesquita Filho, até o trabalho na região do Parque São Bento. Segundo ela, a avaliação da Urbes é uma "hipocrisia". 

Ontem, às 18h, todas as plataformas do terminal Santo Antonio tinham filas. Do alto do viaduto dos Ferroviários, numa visão panorâmica, avistava-se a junção das filas próximas e paralelas formando uma multidão compacta na plataforma dos ônibus da Vila Barão/Jardim Rodrigo, Central Parque, Progresso, Sol Nascente. Uma leitora do jornal, identificada como Juliana Santos, enviou carta por e-mail reclamando da fila do ônibus Expresso às 6h30. "A fila estava imensa, acredito que a Urbes não sabe o significado da palavra Expresso, pois Expresso não condiz com uma fila daquele tamanho", criticou Juliana, cobrando: "A Urbes precisa resolver, ou seja, disponibilizar mais ônibus urgente nessa linha, pois infelizmente tem pessoas assim como eu obrigadas a utilizar esse serviço precário e de má qualidade oferecido pela Urbes."

Doze horas depois, às 18h30, a assistente de Recursos Humanos Ana Cláudia Cardozo dos Santos, de 21 anos, também discordou da avaliação da Urbes de que atualmente não registra problemas com filas nos terminais. Foi direta: "Mentira. Hoje está tranquilo. Ontem (anteontem) a fila passava das catracas", disse, referindo-se à fila para a compra de cartões e créditos da tarifa nos guichês de entrada do terminal Santo Antonio. Na sua opinião, esse tipo de avaliação foi feito por Gianolla "porque ele não está aqui (no terminal) para ver, não precisa do transporte público."
A reportagem procurou a assessoria de Gianolla ontem, às 20h40, e a resposta foi de que a Urbes poderá se manifestar a partir de perguntas que lhe sejam enviadas por e-mail.

"Tem dia que a fila chega aqui perto da entrada" (do terminal Santo Antonio), disse Henrique Reginaldo Bueno, de 29 anos, confirmando a descrição feita por Juliana. A esposa de Henrique, Renata Bento de Farias, de 21 anos, disse que a fila para comprar cartões e créditos da tarifa é utilizada também para o cadastro de quem quer aderir ao cartão e isso complica o ritmo do atendimento. O balconista Erisvan Pereira Ribeiro, de 25 anos, também reagiu de forma crítica à avaliação da Urbes sobre as filas: "Boca para falar, quem não depende de transporte tem". Ele comprou ontem seis cartões unitários de três pontos diferentes, todos no terminal Santo Antônio: dois no guichê da Urbes e mais quatro de credenciados da empresa. Ele também criticou a restrição à venda de cartões unitários limitados a duas unidades. "Tenho direito à escolha da opção que quero", disse.

"O problema com as filas continua, sim", afirmou o estudante Leandro Souza, de 22 anos, morador do Jardim São Guilherme e que ontem estava numa fila interna para comprar cartões. Ele utiliza o passe estudante e tem direito a 50 unidades, mas elas não são suficientes para todo o mês porque faz dois cursos em regiões diferentes da cidade. "Eu toda vez peguei fila, não tive ainda a sorte de chegar e não pegar fila", disse uma mulher que se identificou apenas como Isabel, também na fila de compra de cartões. No mesmo lugar, o estudante Lucas Dallorto, de 16 anos, descreveu: "À tarde e em dia útil, vira um caos aqui, já demorei 45 minutos na fila pra carregar meu cartão."

"Acabo perdendo o ônibus porque tenho que enfrentar fila para carregar o cartão", disse a atendente de clínica Tatiane Gomes, de 19 anos, que fica 10 a 15 minutos na espera. Em outra fila do mesmo terminal, o soldador Valdemar Rodrigues Honorato, de 59 anos, disse que chega a ficar 20 a 30 minutos na fila para comprar cartão. "Não tem um horário que não tenha fila, tá um transtorno", reclamou a estudante Lorena Maria Santos, de 18 anos, moradora do bairro Ouro Fino. 

"Eu acho que deveria ter mais postos pra carregar cartão nos bairros", disse uma mulher chamada Arlete (preferiu não dizer o nome completo). Ela contou que antes da adoção dos cartões nem passava no terminal: "Agora eu tenho que vir aqui porque no bairro não carrega (o cartão)."
Segundo a Urbes, além das bilheterias dos terminais urbanos e das cinco unidades da Casa do Cidadão, existem cerca de 150 postos e mais 50 ambulantes autorizados para comercialização do Passe Social.

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