Tiro em professora pode ter sido acidental


Por Elvis Pereira
A polícia investiga se o tiro disparado pelo aluno Davi Mota Nogueira contra a professora Rosileide Queiros de Oliveira pode “ter sido uma brincadeira que não deu certo”. A hipótese surgiu ontem com o depoimento da diretora da Escola Municipal Alcina Dantas Feijão, em São Caetano do Sul, região do ABC, onde ocorreu a tragédia.
A diretora da escola, Márcia Gallo, e a orientadora da unidade, Zeni Giraldi Mestre, depuseram por cerca de duas horas na 3.ª delegacia do município. Ambas relataram que Davi, de 10 anos, era bom aluno, com bom comportamento e não apresentava problemas de relacionamento com os colegas de classe.
O único diferencial, segundo a delegada Lucy Mastellini Fernandes, foi a informação sobre o relato de um colega de classe do garoto. Na tarde de quinta-feira, após David atirar na professora na sala de aula e depois se matar com um tiro na cabeça, a testemunha teria ido para casa.
Pouco depois, o colega de classe disse aos pais dele que precisava voltar à instituição. “O menino pediu para retornar para a escola, conversou com a psicóloga e afirmou que, em tese, (o disparo) seria uma brincadeira que não deu certo”, disse a delegada.
“Em seguida, com medo das consequências, ele teria dado cabo da própria vida. É uma informação que a gente toma, mas é preciso checar primeiro. Vamos confirmar com a psicóloga esse relato, saber de quem e o que ouviu exatamente”, acrescentou Lucy.
A psicóloga, cujo nome foi mantido em sigilo, deverá ser ouvida pela polícia amanhã à tarde, na própria escola. Ela faz parte da equipe de seis psicólogos mantidos na unidade para atender os alunos.
Na mesma ocasião, a delegada também conversará com quatro meninos e uma menina da mesma sala de Davi, o 4.º ano C do ensino fundamental. Entre eles está o estudante que teria revelado a “brincadeira”.
Para os dois dias seguintes estão agendados mais dois depoimentos. Na quinta, às 10 horas, será a vez de Rosileide, de 38 anos, no Hospital das Clínicas, onde está internada. E, na sexta, o pai de Davi, o guarda-civil Milton Evangelista Nogueira, de 42 anos.
Com todos esses relatos, a polícia espera descobrir o que levou Davi a atirar na professora com o revólver calibre 38 do pai dele e depois se matar. “O que a gente tem até agora é que aparentemente o menino não tinha motivo nenhum para fazer o que fez”, ressaltou a delegada.
As aulas na Alcina Dantas Feijão serão retomadas amanhã. Os funcionários da unidade estão recebendo atendimento psicológico. O serviço foi oferecido ainda a pais e alunos e pode ser agendado para as próximas duas semanas. A sala onde houve o disparo permanecerá trancada

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