Policial militar é suspeito de montar kit extorsão

Léo Arcoverde
do Agora
A descoberta de um frasco com lança-perfume com um aluno de 11 anos em uma escola estadual de Embu-Guaçu (Grande SP), há dois anos, desencadeou a suspeita de um esquema de extorsão cometido por PMs do 50º Batalhão, em Parelheiros (zona sul de SP).
O estudante flagrado com lança-perfume é enteado do soldado Sidnei Scheidt, 40 anos. O aluno contou a PMs ter pego o frasco em uma pochete, encontrada por ele na rua e guardada na garagem de casa. Na bolsa também havia cocaína, maconha, crack e munições calibres 9 mm, 735 e 12.
Por determinação da Promotoria, o Núcleo Corregedor da Delegacia Seccional de Taboão da Serra (Grande SP) teve de apurar os fatos. Dois anos depois, a investigação aponta agora que a pochete, na verdade, é do soldado Scheidt e constitui um "kit extorsão" utilizado por ele e por colegas da Força Tática do 50º Batalhão para cobrar propina de suspeitos detidos em troca da liberdade deles.
Resposta
O soldado do 50º Batalhão Sidnei Scheidt negou ser dono da droga encontrada em sua casa. Ele também disse que não deixava de apresentar parte da droga apreendida com presos por tráfico. "A acusação se baseou em uma coisa errada e isso vai ter que se provado", disse.
O criminalista José Miguel da Silva Júnior, defensor de Scheidt, disse que os depoimentos dos dez presos "devem ser encarados com ressalvas" e que eles são fruto do "combate que seu cliente fez ao tráfico na região".
"O kit extorsão é uma invenção, fruto da imaginação do delegado. Nunca houve nada disso.
O criminalista disse que indiciamento de seu cliente "é mera formalidade". "Há doutrinadores que defendem a extinção do indiciamento por conta de casos como esse. A pessoa é indiciada sem ter direito à defesa."
Resposta 2
O Comando-Geral da Polícia Militar disse em nota que sua Corregedoria não recebeu comunicado oficial de qualquer órgão da Polícia Civil acerca desse caso.
Assim que isso for feito, diz o Comando-Geral, "serão adotadas as medidas de estilo para casos como este".
O Comando-Geral disse que o soldado Sidnei Scheidt está trabalhando numa base fixa, sob supervisão de superior hierárquico. "Independentemente de quem sejam ou quantos sejam os policiais militares implicados nos fatos apurados pela Polícia Civil, será instaurado processo disciplinar e os policiais militares serão afastados", diz a nota.
A PM também informou que o caso envolvendo o soldado foi apurado por meio de inquérito policial militar, em 2009, cuja investigação já foi encaminhada à Justiça Militar. O resultado dessa apuração não foi informado.

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