Sorocaba registra mais agressões contra mulheres



DDM soma 4.468 ocorrências neste ano, com média mensal de 400 casos
Jornal Cruzeiro do Sul
Samira Galli
samira.galli@jcruzeiro.com.br

O número total de registros de ocorrências contra as mulheres este ano na Delegacia de Defesa da Mulher (DDM) aumentou em 20% em relação ao ano passado. Até hoje, Dia Internacional de Combate à Violência contra a Mulher, a DDM registrou 4.468 ocorrências --311 a mais que todo o ano passado. São mais de 400 casos por mês -- média mensal de mais de 50 em relação à 2010. Para a delegada titular da DDM, Jaqueline Barcelos Coutinho, o número deve ultrapassar 5 mil até o final de dezembro. Setenta por cento das ocorrências se referem à lesão corporal (violência física) e ameaça (qualquer tipo de ameaça grave). Casos de estupro, abandono material e de incapaz, fazem parte dos outros 30% dos dados.

A delegada explica que é difícil avaliar como positivo ou negativo o aumento do número de registros. Apesar de atualmente os dados mostrarem que as mulheres denunciam mais quando são vítimas de agressão, as causas como desestruturação social, econômica, familiar e consumo excessivo de álcool e drogas também estão com os índices cada vez maiores. "Diante de toda divulgação e informação, hoje em dia as mulheres estão confiando cada vez mais nos aparatos de segurança. Elas acreditam mais e denunciam mais que no passado. Mas isso não quer dizer que os casos de violência não estão aumentando. É uma avaliação difícil", afirma.

O número de inquéritos também aumentou consideravelmente em relação aos anos anteriores. De janeiro a outubro de 2011 foi registrado um aumento de 40% no número de inquéritos em relação ao mesmo período de 2010 -- cerca de 630 este ano. "Esse é um dado muito importante porque mostra que há a continuidade do processo, que não fica mais apenas só no registro do boletim de ocorrência", destaca Jaqueline.
 
CIM 
Os dados do Centro de Integração da Mulher (CIM), organização filantrópica mantenedora da "Casa Abrigo Valquiria Rocha", também mostram a maior procura de mulheres por proteção e amparo social. Até o mês passado, foram feitos 6.428 atendimentos e a entidade acredita bater as mais de 8 mil ações realizadas no ano passado até o final do ano. De acordo com a diretora-executiva Cíntia de Almeida, os dados refletem a consciência da mulher na busca por ajuda. "Elas estão buscando ajuda não porque elas estão cansadas da humilhação, mas porque estão percebendo que é maléfico também para os filhos. Isso traz uma esperança para mudar essa situação na vida delas", ressalta. 

Entretanto, cerca de 70% das vítimas voltam para o convívio com o agressor e desistem da denúncia. Destas, 40% voltam para a Casa Abrigo mais de uma vez. "É preciso incentivar a denúncia, incentivar a mudança de parâmetros culturais que as mulheres trazem. Algumas mulheres deixam a situação tomar uma proporção muito perigosa, e é aí que o risco de morte aumenta", diz.

A magnitude das agressões também preocupa a diretora. "A forma de agressão mudou. Está cada vez pior, os requintes de perversidade, o cárcere privado, a anulação da personalidade da agredida, a selvageria dentro do lar, que era para ser um lugar de amor e respeito e acaba sendo um lugar de tortura." Na entidade, além de acolhimento, as vítimas recebem assistência social, psicológica e jurídica. As mulheres que estiverem em estado de vulnerabilidade devem procurar o Centro de Referência à Mulher (avenida Armando Salles de Oliveira, 231) ou procurarem informações pelo telefone 3211-7588, pelo site http://www.cimmulher.org.br. 

25 de novembro 
Em 1981, durante o 1º Encontro Feminista da América Latina e do Caribe, realizado em Bogotá, na Colômbia, o dia 25 de novembro foi designado como Dia Internacional da Não Violência contra a Mulher, em homenagem a três irmãs, ativistas políticas: Pátria, Minerva e Maria Teresa Mirabal. Elas foram brutalmente assassinadas pela ditadura de Leonidas Trujillo, na República Dominicana.

Postar um comentário

0 Comentários