Sindicalista rebate críticas à paralisação


 Jornal Cruzeiro do Sul
O presidente do Sindicato dos Trabalhadores em Transportes Rodoviários de Sorocaba e Região, Paulo João Estáusia, responsabilizou ontem o prefeito Vitor Lippi (PSDB) pela paralisação do transporte coletivo na sexta-feira: "Nós atribuímos todo o acontecimento de sexta-feira na responsabilidade do senhor prefeito". Isto porque, segundo ele, a causa do protesto foi o projeto enviado por Lippi à Câmara (e rejeitado pelos vereadores) que transferia R$ 1 milhão à Urbes para que a empresa pública recorresse em processos trabalhistas existentes contra a antiga Transportes Coletivos Sorocaba (TCS).

Sobre os transtornos causados aos usuários do transporte com a paralisação do serviço por seis horas, Estáusia disse: "Todo serviço público, quando tem qualquer tipo de manifestação, ele causa transtorno". Ele rebateu declaração de Lippi de que a cidade não pode ficar refém de um grupo de trabalhadores. "A cidade não está refém de ninguém. Lamentavelmente, a falta de habilidade do Executivo talvez possa ter causado essa questão". 

Veja entrevista:

Cruzeiro do Sul - Como você viu as consequências, os transtornos à população?

Paulo João Estáusia - 
Eu respondi. As pessoas que me perguntaram, tenham gravado ou escrito. Essas perguntas foram feitas sobre a questão de transtornos à população. O que eu respondi, eu vou repetir. Todo serviço público, quando tem qualquer tipo de manifestação, ele causa transtorno. Deixei claro isso. Ele causa transtorno, obviamente.

CS - O prefeito manifestou irritação em relação ao Sindicato, declarando que a cidade não pode ficar refém de um grupo de trabalhadores. Como o sr. viu essa manifestação?

Estáusia - 
Eu achei equivocada por parte do prefeito essa manifestação. A cidade não está refém de ninguém. Lamentavelmente, a falta de habilidade do Executivo talvez possa ter causado essa questão. O tema causador é exatamente o projeto de pedido de liberação de verba pública para conceder à empresa Urbes para recorrer em processo trabalhista. A falta de habilidade foi a causadora de tudo. Nós atribuímos todo o acontecimento de sexta-feira na responsabilidade do senhor prefeito. 

CS - O que ele deixou de fazer e poderia ter feito e não fez?

Estáusia -
 O que ele fez, ele não deixou de fazer: enviar um projeto à Câmara requisitando liberação de verba pública para conceder à Urbes para recorrer processo trabalhista de uma empresa que ficou um período sob intervenção por conta da Urbes, razão pela qual ela foi reconhecida no polo passivo como devedora solidária, porque ela teve um período de intervenção. Por isso que ela está no polo passivo, exatamente por essa razão. Os processos trabalhistas a indicaram como devedora solidária. E no Tribunal nós ganhamos. A questão, a causa disso é o prefeito solicitar verba pública para conceder para essa finalidade. Nós entendemos que não é justo. Não é justo com os trabalhadores, que vão protelar os processos deles, e não é justo com a sociedade, a liberação de verba pública da sociedade para esta finalidade. Se a Urbes promoveu intervenção na ocasião, deduz que ela tinha estrutura para sustentar as consequências. E de fato é o que não ocorreu.

CS - O promotor Jorge Marum abriu inquérito civil para apurar essa situação. No inquérito civil ele diz que vai apurar os prejuízos à população, se houve prejuízo financeiro à Urbes e ao Poder Público e, em caso de comprovação de prejuízos, ele disse que o resultado poderá ser uma ação civil pública, movida pelo Ministério Público, com o objetivo de obter ressarcimento desses prejuízos. Como o sr. vê esse inquérito civil do Ministério Público?

Estáusia -
 Na verdade, nós não temos conhecimento ainda desse inquérito. Estou sendo informado por você agora. O Sindicato não recebeu nenhuma notificação, então nós não temos conhecimento. Então não tem como fazer qualquer menção sem saber. O que eu posso informar é que o Sindicato no dia de hoje protocolou um pedido de reunião no Ministério Público do Trabalho e Cível. Solicitamos uma reunião com a finalidade de esclarecer todos os fatos que ocorreram no protesto da sexta-feira. (Carlos Araújo)

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