A metrópole da metamorfose


Histórias e imagens que traçam um panorama das mudanças da maior cidade do Brasil

São Paulo é como aquela criança que você vê todo dia e não nota que cresce. Vem uma tia de longe, aperta as bochechas e nota que, sim, o menino cresceu, logo logo já estará um homem feito.
Silvio de Abreu em frente ao antigo Cine Metro, onde atualmente funciona templo evangélico

São Paulo jamais será adulta. Estacionou na adolescência, a etapa da vida em que a efervescência é maior, que as mudanças acontecem do dia para a noite, que o humor pode variar se o dia está bonito ou se cai um toró de alagar um bairro inteiro, atrapalhar o trânsito do resto da cidade e atrasar a volta para a casa de mais da metade da população.

São Paulo é um organismo vivo, uma cidade onde as referências urbanas se perdem com o passar dos anos, porque o mesmo dinheiro, herói, que constrói edifícios modernos e maravilhas da engenharia contemporânea não se esquece de exercer sua vilania reduzindo a fragmentos um passado nem tão remoto assim. Não há o que reclamar, não é hora de ser o velho ranzinza a se indispor com o espírito adolescente de nossa cidade: é melhor assumir de vez, como característica, essa vocação para a metamorfose.

Na comemoração dos 458 anos da metrópole, o Estado mostra as mudanças de São Paulo nas últimas décadas, “refotografando” personagens anônimos e famosos que já estamparam as páginas do jornal nos mesmos locais da foto original. Assim, percebe-se as transformações das pessoas e dos endereços: a cratera do Metrô virou novíssima estação, o caçula da família tornou-se o dono do restaurante, um tradicional cinema hoje é igreja evangélica e a cidade segue pulsante.

Como não poderia deixar de ser, as mudanças na metrópole foram muitas. De uma pequena vila fundada por jesuítas em 1554, a maior cidade do Hemisfério Sul tem hoje 11,2 milhões de habitantes e 7,1 milhões de veículos. O mercado da capital é vibrante: 240 mil lojas se espalham por suas ruas, que também sediam 17 dos 20 maiores bancos brasileiros e 100 das 200 maiores empresas de tecnologia. Com 260 salas de cinema e 184 casas noturnas, não falta o que fazer.
Traduzidos na realidade, cada um desses números tem o seu rosto, cenário e tempo de vida, mas sempre deixam heranças que sobrevivem em meio às metamorfoses da metrópole. É esse o espírito que norteia as próximas páginas. / EDISON VEIGA E RODRIGO BURGARELLI

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