PT deve crescer no interior para avançar rumo a 2014 em SP, dizem especialistas


Especialistas indicam que o eleitorado paulista tem mostrado uma evolução diferente do resto do País; para eles, ganhar espaço fora dos grandes centros urbanos no Estado pode ser determinante


Bruno Siffredi, do estadão.com.br
A conquista de novas prefeituras e o avanço fora da região metropolitana de São Paulo pode ser determinante para o PT voltar a crescer no Estado e acabar com a hegemonia tucana nas eleições estaduais de 2014, indicam cientistas políticos ouvidos peloestadão.com.br. Após apresentar um bom crescimento em SP nas eleições de 2004 (durante o primeiro mandato do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva), o PT não conseguiu avançar na eleição seguinte, em 2008. A estagnação aconteceu no mesmo momento em que a boa popularidade do ex-presidente ajudou o partido a ganhar espaço em outros Estados. Especialistas apontam as características do eleitorado paulista e do cenário político no Estado como principais razões para a mudança.
Para o professor da FGV, Fernando Abrucio, a influência dos governadores nas eleições municipais é um fator importante. "PMDB e PSDB possuem mais prefeituras que o PT em SP. O motivo é a força que os governadores têm nas cidades pequenas." Abrucio aponta que, em um período de 10 anos, o PT praticamente dobrou o número de prefeituras fora da Grande São Paulo. "Não é pouco, mas é um crescimento menor do que o PT apresentou no resto do País", explica.
Em 2004, o partido elegeu 51 prefeitos e 443 vereadores fora da Grande São Paulo, marcando um grande avanço em relação à eleição de 2000, quando 28 prefeitos e 336 vereadores foram eleitos. Na última eleição municipal, em 2008, o PT manteve praticamente o mesmo patamar, conquistando 53 prefeituras e elegendo 442 vereadores.
A imagem da presidente Dilma Rousseff, após um primeiro ano de governo marcado pela 'faxina' nos ministérios e por uma mudança de postura em relação a aliados e adversários políticos, pode ser decisiva para a conquista de um eleitorado mais conservador, aponta o professor do Insper Carlos Melo. Para ele, Dilma apresentou um estilo conservador, moralista e menos controverso que o Lula, mas que atende ao gosto do eleitorado paulista.
Melo destaca ainda a aproximação da petista com o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, sempre muito criticado por Lula nos discursos, e com o governador de São Paulo, Geraldo Alckmin. "Ela faz uma parceria com o Alckmin que o Lula não teve de 2002 a 2006 e não teve com o Serra de 2006 a 2010. Em momento nenhum nos vimos isso antes", observou.
Abrucio discorda da tese e afirma que Lula ainda deve ter um papel predominante nas eleições deste ano. "Como ela [Dilma] está com uma boa popularidade, isso ajuda os candidatos do PT. Porém, a ajuda maior vai depender muito dos contextos regionais. No Estado de São Paulo, é provável que o Lula tenha mais impacto", indicou. Para ele, a grande novidade da eleição deste ano em São Paulo é que "pela primeira vez o Lula tem mais impacto do que qualquer cacique tucano. Acho que isso é que está gerando todo esse bafafá no PSD e no PSDB."

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