Sorocaba: Chuva deixa 128 casas inundadas



Em Sorocaba, choveu em 5 horas o que seria normal para sete dias no mês de janeiro: 57 milímetros
 Jornal Cruzeiro do Sul
Carolina Santana
      
carolina.santana@jcruzeiro.com.br 
Em pouco mais de cinco horas choveu em Sorocaba e Votorantim o equivalente ao que choveria normalmente em sete dias durante o mês de janeiro. A informação é do Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet). O órgão informou ainda que do início da noite de sábado até o começo da madrugada de ontem, foram 57,6 milímetros (mm) de chuva. Durante janeiro, a região costuma registrar uma média de 200 a 250 mm. 

Na cidade de Sorocaba, 108 imóveis foram inundados. Em Votorantim foram outros 20. A explicação para o fenômeno está na vinda de massas de ar quente e úmido do Norte brasileiro. "A elevação dessas massas para a atmosfera aconteceu justamente aqui", disse a meteorologista do instituto, Helena Balbino. Durante essa elevação, continua ela, é normal que aconteçam chuvas intensas. 

Para os próximos dias, a previsão é que as chuvas continuem. Segundo Helena, até quarta-feira, as precipitações devem acontecer sobretudo na parte da tarde com pancadas isoladas. Na quinta-feira, a previsão é que uma frente fria chegue até o Estado vinda do Sul do País. Com a frente fria, é provável que, além de chuvas mais intensas, a região também tenha queda na temperatura. 

A forte chuva que castigou a cidade de Sorocaba na noite de sábado provocou inundações em 108 imóveis em Sorocaba. De acordo com a Defesa Civil da cidade não houve vítimas ou desabrigados. O coordenador adjunto do órgão, Benedito da Silva Zanin, informou que a situação mais crítica foi no bairro Jardim Santo André, onde 32 residências foram invadidas pela água. 

"O pessoal da assistência social saiu nas ruas pela manhã para fazer os atendimentos pós-chuva. Estamos distribuindo os colchões e dando o suporte necessário para as famílias", comentou Zanin. Segundo ele, os sorocabanos atingidos foram abrigados temporariamente na casa de parentes mas, até o final da tarde, todos já tinham voltado para suas residências. 

Zanin revelou que a maior parte das ocorrências se concentrou na divisa com Votorantim. Segundo ele, a chuva de ontem era esperada. "Principalmente na altura da ponte Pinheiros, mas também tivemos alagamentos no Barcelona, Vila Assis e Santo André, há casos também de alagamentos causados pela enxurrada", comentou o diretor adjunto. Para combater os efeitos das chuvas do início do ano, está em vigência na cidade o Plano Verão que vai de 1º de dezembro a 31 de março. 

Sem opção 

A desempregada Ieda Borges, 48 e sua filha de 17 anos moram em uma das casas invadidas na proximidade da Vila Rica. "Até o ano passado eu cuidava da minha filha que era especial e faleceu", contou ela. Com o dinheiro da aposentadoria da filha falecida, Ieda conseguia pagar aluguel mas, com o corte do benefício, teve de voltar para a casa que havia abandonado justamente por conta das enchentes. 

"A gente sabe que aqui é área invadida. Enquanto eu fiquei fora, meu ex-marido morou aqui e cuidou da casa, mas agora eu não tenho opção, não tenho para onde ir, e fiquei aqui", lamenta. Para evitar perdas ainda maiores, os móveis da casa dela são suspensos em blocos e as gavetas mais baixas dos móveis ficam suspensas. Cadastrada no programa Minha Casa Minha Vida, Ieda tem esperança de conseguir um lugar melhor para morar. 

Morando no mesmo quintal de Ieda, Lânia Márcia Gomes da Silva, 28, também está cadastrada no programa habitacional do governo federal. Enquanto não é contemplada, o jeito é mandar os dois filhos pequenos para a casa do pai e levantar os móveis. "A cama e as gavetas mais baixas eu consegui salvar, mas perdi o guarda-roupas e mantimentos", lamenta. 

Na mesma rua da Vila Rica, o recém-chegado de Suzano, André, lamenta as perdas. Ele contabiliza cerca de R$ 4,5 mil em prejuízo. "Perdi a geladeira que acabei de pagar a primeira prestação. Quero que a Prefeitura me indenize", diz ele. Além da geladeira, ele perdeu um computador, um notebook e ferramentas de trabalho. Na hora da chuva, André estava com a família em um supermercado da cidade. "Foi coisa de 40 minutos, eu sabia que aqui enchia, mas não tanto", lamentou. 

Casa alugada 

Para o pedreiro Natanael Alves, 56, a solução será mudar de casa. Há cinco meses morando na Vila Assis, ele enfrentou a primeira enchente. "Perdemos móveis, comida e ainda estamos vendo a máquina de lavar roupas", lamentou ele. A casa é alugada e o pedreiro disse que vai procurar a imobiliária para romper o contrato. "Agora eles vão ter que perdoar a multa pois eu tenho um motivo muito justo para quebrar o combinado", disse ele.

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