Um em cada 5 mortos em São Paulo é vítima de PM


DE SÃO PAULO
Uma a cada cinco pessoas assassinadas na cidade de São Paulo, em 2011, foi morta por um policial militar, estivesse ele em serviço ou não.
Levantamento feito pela Folha, com base nos dados da Corregedoria da Polícia Militar, revela que, das 1.299 pessoas mortas na capital nesse período do ano passado, 290 foram atingidas por PMs -22,3% do total.
As 290 mortes cometidas por PMs são casos de "resistência seguida de morte" (229) e homicídios dolosos fora do trabalho (61).
Essa é a maior média de mortos por PMs desde 2005, proporcionalmente ao total de pessoas mortas na cidade. Maior até do que em 2006, quando o Estado enfrentou três ondas de ataques da facção criminosa PCC (Primeiro Comando da Capital).
Naquele ano, as mortes atribuídas a PMs na capital (192) representavam 6,8% do total de mortes (2.814).
Para o comandante-geral da PM, coronel Álvaro Batista Camilo, a letalidade policial é uma de suas preocupações à frente da tropa.
"Mesmo assim é preciso considerar que 83% das pessoas que se envolvem com ocorrências policiais são presas ou conseguem fugir. Os mortos em confronto com PMs são apenas 17%", disse.
"Nossa finalidade sempre é evitar a morte, seja ela do criminoso ou do policial. No último ano, conseguimos apreender 22 mil armas. Isso mostra o quanto as pessoas ainda andam armadas."
Para evitar as mortes cometidas por PMs, a corporação mantém um programa de investigação semanal para analisar cada um dos casos em que policiais matam, seja no trabalho ou fora dele.
O secretário-executivo do Fórum Brasileiro de Segurança Pública, Renato Sérgio de Lima, diz ser preciso melhorar a qualidade do PM. "Se você conseguir reduzir a letalidade policial, aí sim, São Paulo vai poder comemorar a queda no homicídio".
O advogado Marcos Fuchs, diretor da ONG Conectas Direitos Humanos, vê como assustadora a proporção de mortes cometidas por PMs.
"A polícia precisa acabar com a prática de atirar primeiro e perguntar depois, como costuma ocorrer nos casos de violência seguida de morte."
"Só com o treinamento dos policiais esses índices de letalidade vão reduzir", disse Fuchs.
(ANDRÉ CARAMANTE, AFONSO BENITES e EVANDRO SPINELLI)

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