Diagnóstico de hepatite cresce 54% em Sorocaba



De acordo com especialistas, foram os casos diagnosticados que aumentaram e não o número de pessoas infectadas
 Jornal Cruzeiro do Sul
Leila Gapy

O número de diagnósticos de hepatites (A, B e C) cresceu 54,7% em Sorocaba durante 2011, quando somou 147 pacientes crônicos. Ao todo foram 52 casos a mais que o contabilizado em 2010, com 95 pacientes. Dados que superam os diagnósticos de Aids na cidade no mesmo período. Para especialistas, os números evidenciam a expansão dos programas de combate à doença, com diagnósticos mais acessíveis à população, mas também preocupam. De acordo com o Ministério da Saúde, 304 mil brasileiros têm a doença confirmada, mas a Organização Mundial de Saúde (OMS) estima que sejam 3 milhões de pacientes, sendo 90% deles portadores que desconhecem o próprio diagnóstico. A hepatite vitimou 35 sorocabanos no biênio 2010/2011 e uma pessoa neste ano. Os tipos B e C, os mais perigosos, que atingem severamente o fígado, são transmitidos pelo contato com o sangue. Os sintomas são silenciosos e só podem ser diagnosticados com exame de sangue.

De acordo com a Secretaria de Saúde de Sorocaba, dos 95 casos de hepatites diagnosticados em 2010, a maioria é do tipo B com 58 casos e e outros 32 diagnósticos são do tipo C. Naquele ano ocorreram 21 óbitos por causa da doença. Situação semelhante ocorreu em 2011, quando foram diagnosticados 77 casos de hepatite B e outros 66 do tipo C, sendo contabilizadas 14 mortes. Neste ano, até o último dia 15 de fevereiro, 11 pessoas já foram diagnosticadas com hepatite, sendo 10 entre os tipos B e C. Neste mesmo período, Sorocaba já somou um falecimento devido complicações da doença. A título de comparação, estes dados de hepatites superaram, o número de diagnósticos de Aids, que em 2010 somou 64 casos e em 2011, outros 97.

Para a médica infectologista, Priscila Helena dos Santos, da Vigilância Epidemiológica de Sorocaba, o crescimento no número de diagnósticos de hepatites é resultado dos programas estaduais e municipais de combate à doença que têm divulgado a importância dos exames de sangue, assim como fomentado o acesso ao recurso. "Desde a década de 1990 as informações sobre as hepatites têm sido melhor divulgadas e o acesso aos exames, aos tratamentos, também têm sido facilitados. Logo, o que cresceu não foi o número de infectatos e sim os diagnósticos. O que é importante, já que as hepatites têm cura", pontuou ela, que acrescentou que é o setor de infectologia do Conjunto Hospitalar de Sorocaba (CHS) que trata os pacientes sorocabanos.

Já para o presidente do Grupo Otimismo de Apoio ao Portador de Hepatite, Carlos Varaldo, a situação dos pacientes de hepatites no Brasil é preocupante. Isso porque os dados do Ministério da Saúde apontam que dos 304 mil diagnosticados, 175 mil são dos tipos B e C, tipologias consideradas mais severas e que podem levar ao óbito. "Os tipos B e C são transmitidos pelo sangue, com agulhas ou transfusões, por exemplo. Mas, desde a década de 1990, o sangue doado é testado e há mais cuidado com situações de risco, e isso já não acontece. O que nos leva a crer que os pacientes "estimados" foram infectados na década de 1970 e 1980, e que têm 40 anos ou mais. A questão é que a doença é silenciosa e só aparece em exames específicos. O que potencializa os óbitos, já que são diagnosticados no estágio avançado da doença", lamentou.


Tratamento e cura


Por conta disso, a aposta dos especialistas para combater a doença é a expansão do acesso aos exames e divulgação das informações quanto ao tratamento e chances de cura. Segundo a Vigilância Epidemiológica de Sorocaba, em 2010 exatamente 313 pessoas tiveram alta médica da hepatite e em 2011 foram 341. Neste ano, outras 40 pessoas foram curadas. Obviamente, explicou a infectologista, o tratamento é longo e à base de coquetéis específicos. Mas a cura é possível.

Ela explicou que os três tipos de hepatites (A, B e C) são causados por vírus que atingem o fígado. No tipo A, a contaminação é fecal/oral, por meio de água e alimentos contaminados. Neste caso os sintomas são mais evidentes, agudos, como icterícia, urina escura e fezes brancas. Mas é o tipo mais curável. Já as de tipo B e C são transmitidas por sangue e pelo sexo. No caso do B, entre 10 e 20% dos portadores não conseguem eliminar o vírus, tornando-se crônicos. Já no tipo C as chances de cronificação são de 80% dos pacientes.

"O objetivo do governo municipal é ampliar o acesso ao exame de sangue. Nossa expectativa é incluir o diagnóstico no Programa Fique Sabendo, que já aponta os casos de HIV e Sífilis. Esta situação ainda está sendo estudada. Por enquanto, é preciso passar pelo médico e solicitar o exame", observou a médica. Por conta disso, o presidente do Grupo Otimismo fez um apelo aos cidadãos. "Vão aos médicos e solicitem o exame. A hepatite tem cura, tem tratamento. Vamos evitar a morte", finalizou.


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