TIAGO DANTAS
FABIANO NUNES
FABIANO NUNES
Três linhas expressas de ônibus que funcionarão apenas nos horários de pico devem ser criadas este ano para tentar diminuir a superlotação nos vagões do Metrô e da Companhia Paulista de Trens Metropolitanos (CPTM). Os estudos estão sendo feitos desde a semana passada por técnicos da Prefeitura e do governo do Estado. Especialistas avaliam que a medida pode ser boa só a curto prazo.
Passageiros ouvidos ontem pelo Jornal da Tarde dizem que só deixariam de utilizar o metrô se os novos ônibus forem rápidos e menos lotados que os trens. Para aumentar a velocidade, os veículos dessas três novas linhas só parariam nos pontos finais. Os trajetos já estão definidos. Um dos itinerários deverá ligar a Estação Vila Matilde, da Linha 3-Vermelha do Metrô, na zona leste da capital, à Praça da Sé, no centro.
A criação da linha aliviaria o ramal mais lotado da companhia, com uma média de 1,1 milhão de entradas diárias. Além de enfrentar o excesso de usuários, quem utilizou a Linha 3 entre 8h12 e 8h41 desta terça-feira encontrou, também, trens circulando mais devagar que o normal e parando por mais tempo nas plataformas. Uma composição teve problemas no sistema de tração na Estação Santa Cecília e foi rebocada até a Barra Funda, segundo o Metrô.]
Outro trajeto de ônibus que está sendo estudado pelo governo ligaria Santo Amaro, na zona sul, a Pinheiros, zona oeste, o que ajudaria a desafogar a Linha 9-Esmeralda da CPTM. O terceiro trecho levaria passageiros de Caieiras, na Grande São Paulo, até a Lapa, na zona oeste da capital, tirando gente da Linha 7-Rubi da CPTM.
“Se oferecerem um serviço de qualidade e que faça o trajeto no mesmo tempo do metrô, pode ser que dê certo”, diz o técnico em elétrica Luciano Cosme Souza, de 29 anos. “Mas, no final das contas, ainda acho o metrô o transporte mais rápido”, completa. A analista de segurança Thais Christiane Gomes, de 31 anos, já costuma trocar o metrô por ônibus para fazer o trajeto entre sua casa, em São Miguel Paulista, e o trabalho, no Belém, ambos na zona leste. “Sei que vou chegar a Itaquera e o metrô vai estar mega lotado, então prefiro ir de ônibus”, afirma. Thaís diz que chega a economizar 20 minutos usando o ônibus.
Professor de ferrovias da Escola Politécnica da USP, o engenheiro Telmo Porto acredita que as novas linhas podem ser uma solução provisória para o problema de lotação do transporte sobre trilhos em São Paulo. “Essa medida faz sentido por causa da sobrecarga que o metrô enfrenta atualmente. Mas não é essa a lógica de um sistema de transportes. A lógica é ir de um sistema de menor capacidade, como o ônibus, para um de maior capacidade, como o metrô, à medida que se chega perto do centro”, opina o professor.
José Geraldo Baião, presidente da Associação dos Engenheiros e Arquitetos de Metrô (Aeamesp), concorda com Porto. “A medida pode funcionar por um tempo, mas o ideal é que um modal alimente o outro, e não concorram entre si. Além disso, o transporte sobre pneus tem que se qualificar para que o passageiro deixe de usar o metrô, mesmo lotado.”
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