Lippi registra ocorrência na polícia contra vereador



Acusação é de crime contra a honra, por pronunciamento na Câmara

 Jornal Cruzeiro do Sul
Marcelo Roma 
marcelo.roma@jcruzeiro.com.br 

O clima entre o prefeito Vitor Lippi (PSDB) e o vereador Caldini Crespo (DEM) esquentou ainda mais após o pronunciamento do parlamentar na Câmara quinta-feira. Lippi esteve ontem na Delegacia Seccional e registrou boletim de ocorrência contra o parlamentar, por crime contra a honra. Um inquérito policial será instaurado e Crespo deve ser chamado para dar explicações. Ele disse ontem que recebeu a notícia da queixa com serenidade. 

Na quinta, o vereador vinculou o nome do prefeito à Operação Pandora, como noticiado ontem. A Operação Pandora deu origem à investigação do Ministério Público e Polícia Civil sobre suposto esquema de corrupção para liberação de alvarás de funcionamento de postos de combustível. Crespo também distribuiu a outros vereadores trechos de diálogos que ligariam Lippi ao esquema. 

Irritado com o teor do pronunciamento de Crespo, Lippi classificou-o como absolutamente inaceitável. "Fiquei sabendo do fato ontem à noite quando estava trabalhando. Minha equipe levou a informação que eu tinha sofrido uma ofensa gravíssima durante as sessões da Câmara." Lippi criticou duramente a postura de Crespo. "Ele tem sempre procurado distorcer os fatos, criar fatos, e atuar contra minha honra, meu caráter e meus valores morais." A queixa-crime de crime contra a honra, feita à Polícia Civil, trata de injúria, calúnia e difamação. 

Para o prefeito, o vereador tem procurado fazer uma "desconstrução moral" da sua pessoa. "E eu não posso aceitar de forma nenhuma." Lippi considerou a postura de Crespo absolutamente incompatível com a de um representante público. 

O prefeito entregou à polícia cópias de gravações de vídeo das duas sessões da Câmara, uma ocorrida de manhã (ordinária) e outra à tarde (extraordinária). Ele chegou por volta do meio-dia à delegacia na avenida General Carneiro e saiu às 13h40. A reportagem conversou com ele na saída. Ao final, ressaltou: "Minha indignação tem que ser mais que pública". 

O delegado seccional André Moron reiterou que um inquérito será instaurado para apurar a acusação feita pelo prefeito. Moron disse que cópias das gravações das sessões serão requisitadas diretamente à Câmara. Deverão ser ouvidos outros vereadores, funcionários e até cidadãos que assistiam às sessões, além do próprio Crespo. O inquérito será conduzido diretamente pela Delegacia Seccional. 

Processos 
Sobre a denúncia de crime contra a honra, o vereador respondeu ontem, em nota divulgada pela sua assessoria de imprensa, que "não fez nenhuma acusação, tampouco trouxe informação nova sobre os fatos envolvendo a Operação Pandora; somente falou e mostrou trechos que constam de documentos públicos sobre os quais requereu à Procuradoria-Geral de Justiça do Estado de São Paulo o aprofundamento das investigações." 

Segundo Crespo, "todas as informações ditas no plenário da Câmara, sobre a Operação Pandora, fazem parte dos processos cível e criminal que tramitam no Fórum de Justiça de Sorocaba e podem ser consultados por qualquer cidadão." O vereador disse ainda que o fato divulgado no plenário da Câmara somente ocorreu porque Lippi, "na base do desespero, insistiu aos vereadores que o apoiam a aprovação do projeto de lei 127/12". O projeto do Executivo derruba restrições a instalações de postos e foi aprovado. A única emenda estabelece distância mínima de 500 metros um do outro. 

Para Crespo, "Lippi tem que aprender a ser mais humilde; tem que dar explicações públicas a respeito de seu nome ter sido mencionado inúmeras vezes nos grampos telefônicos pela ré Ivanilde Vieira." "A atitude do prefeito, com relação ao boletim de ocorrência, faz parte do marketing político dele, sempre tentando fazer-se de vítima, esquivando-se dos assuntos e dos questionamentos da imprensa referentes à Operação Pandora", diz o vereador.

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