Apuração do furto de peças históricas já dura 4 meses



Sindicância da Prefeitura é mantida em sigilo e MP não descarta inquérito

 Jornal Cruzeiro do Sul

Giuliano Bonamim
giuliano.bonamim@jcruzeiro.com.br

A Secretaria de Negócios Jurídicos de Sorocaba realiza há quase quatro meses uma sindicância para apurar eventual responsabilidade de servidores públicos referente ao furto de peças da reserva técnica dos museus da cidade. O sumiço de peças históricas do município foi descoberto em 24 de fevereiro em um prédio administrado pela Secretaria de Cultura e, oficialmente, apenas uma espingarda fabricada no século 20 foi recuperada. 

A Prefeitura de Sorocaba não informa quando a sindicância será encerrada e todo o procedimento segue em sigilo. O governo municipal também não divulga a quantidade de peças furtadas há 119 dias, mas o restante do material, que era guardado em um depósito na rua Paes de Linhares, no Jardim Brasilândia, agora está instalado no Palacete Scarpa - atual sede da Secretaria da Cultura.

O resultado dessa sindicância interna na Prefeitura de Sorocaba é aguardado pelo promotor de Justiça Jorge Alberto de Oliveira Marum. O representante do Ministério Público não descarta a hipótese de instaurar um inquérito para averiguar as responsabilidades do governo municipal e se houve omissão na guarda desse material. A Polícia Civil também tem trabalhado em sigilo em busca da recuperação das peças e dos autores do crime. O delegado Acácio Aparecido Leite, da Delegacia de Investigações Gerais (DIG), preferiu não dar mais informações a respeito do caso.

Oficialmente, apenas a espingarda da marca Deweberlin, de 8 milímetros, foi recuperada. O objetivo foi encontrado em 9 de março em um contêiner de lixo situado na rua Jurandir Scabia, no Jardim Zulmira, a aproximadamente um quilômetro de distância da Delegacia de Polícia Participativa (DPP) da zona sul. A arma foi apreendida pelo guarda civil municipal Nestor Claudio dos Santos e encaminhada à Polícia Civil para ser periciada.
 
O caso 
As peças furtadas da reserva técnica dos museus de Sorocaba compunham praticamente todo o acervo do casarão de Brigadeiro Tobias, que inclui arreios e utensílios do tropeirismo dos séculos 19 e 20. Roupas e fragmentos da maquinaria referentes à Estrada de Ferro Sorocabana também sumiram.

Os objetos levados pelos bandidos eram aqueles não expostos nos museus de Sorocaba. Elas ficavam guardados e, temporariamente, eram colocados para a visitação pública no Museu Ferroviário, no Museu Histórico Sorocabano - situado no Parque Zoológico Municipal Quinzinho de Barros - e no Casarão de Brigadeiro -atualmente fechado para reforma. 

Todas essas peças históricas haviam sido transferidas ao prédio situado na rua Paes de Linhares, em setembro do ano passado. No local está instalado o antigo Matadouro Municipal, além de uma área usada pelo Serviço Autônomo de Água e Esgoto (Saae) para a estocagem de areia. Antes dessa mudança, os objetos eram guardados no anexo da antiga Estação Ferroviária de Sorocaba - hoje em reforma para a instalação do futuro Museu de Arte Contemporânea.

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