Assassinatos crescem pelo terceiro mês




GIO MENDES
FABIANO NUNES
Pelo terceiro mês consecutivo, o número de casos de assassinatos cresceu na capital. Já a quantidade de roubos aumentou em todos os meses deste ano, de janeiro a maio, em comparação com o mesmo período do ano passado. Os dados negativos fazem parte das estatísticas da criminalidade divulgadas ontem pela Secretaria da Segurança Pública (SSP).
A tendência de alta nas ocorrências de homicídios começou em março deste ano, com 96 casos. No mesmo mês de 2011 foram 53. Nos meses seguintes, os números também superaram o do ano anterior, com 104 casos em abril e 102 em maio. Nesses mesmos meses ocorreram, 90 e 84 casos em 2011.
Na soma de homicídios dos cinco primeiros meses do ano, o aumento foi de 16,29% na comparação com o mesmo período do ano passado. Foram 464 casos contra 399. Já o roubo de veículos foi o tipo de crime que mais cresceu na capital nesse período: 26,02%. Passou de 15.544 casos em 2011 para 19.588 neste ano.
Na avaliação do delegado-geral da Polícia Civil, Marcos Carneiro de Lima, o fim de benefícios de progressão de pena para homicidas ajudaria a reduzir as estatísticas desse crime. “A gente acredita que isso (aumento de assassinatos) só vai se estabilizar a partir do momento que as pessoas que cometeram crimes graves efetivamente fiquem presas”, disse.
Para exemplificar o que considera impunidade, Lima cita o caso recente da prisão de um acusado de envolvimento com criminosos que executaram policiais militares neste mês. “Esse camarada que é suspeito de matar o PM foi condenado em 2000 e em 2009 já tinha o direito de progressão de regime. Como um homicida pode estar nas ruas em nove anos?”, questionou o delegado.
Para o comandante-geral da Polícia Militar, coronel Roberval Ferreira França, a maior participação de menores de idade em ações criminosas é um dos motivos para o crescimento de homicídios e roubos na capital. “No ano passado, a PM prendeu 128 mil pessoas em flagrante. Cerca de 39 mil eram menores. Por conta da legislação, o menor valoriza menos a vida das pessoas. Isso indica que precisamos reformular a lei e reduzir a maioridade penal para 16 anos”, defende o coronel.
O comandante afirma que a PM irá focar suas ações em bairros da capital onde houve aumento de homicídios e furtos e roubos de carro. “Há indicativos de que esses crimes acontecem próximos aos pontos de tráfico de drogas. Estamos com equipes à paisana nessas áreas para identificar as quadrilhas e os criminosos.”
Luz vermelha
O ex-secretário nacional de Segurança Pública José Vicente da Silva disse que o aumento dos casos de homicídios e de roubos de veículos por vários meses consecutivos deve acender uma “luz vermelha” para os comandos das polícias Civil e Militar.
Em abril, o especialista tinha observado que o problema da segurança havia acendido a “luz amarela”, com a tendência de alta nos casos de homicídios. “É preciso ter uma intervenção imediata das autoridades, mapeando as áreas mais críticas. Não pode esperar mais de um mês para ver que está acontecendo um problema grave em determinadas regiões.”

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