Prefeitura dá kit de pintura inadequado para crianças


Aline Mazzo e Simei Morais

do Agora
A Prefeitura de São Paulo distribuiu kits de pintura com itens inadequados para crianças menores de três anos das creches municipais, cujos alunos têm de zero a quatro anos.
Alguns itens, como tintas, giz de cera e canetinhas, têm selos do Inmetro (Instituto Nacional de Metrologia, Qualidade e Tecnologia) que indicam veto ao uso nessa faixa etária.
Especialistas em educação e em toxicologia também desaprovam o uso desses produtos.
Os kits foram distribuídos entre abril e maio aos 203,5 mil alunos das creches.
Cada um custou R$ 32,32, o que dá um valor total de R$ 6,6 milhões. A Secretaria Municipal da Educação não informou o total gasto.
"Recebemos a orientação de entregar os kits aos pais, para que eles levassem para casa, inclusive para crianças menores de três anos", diz o diretor de uma creche que pede para não ser identificado.
As escolas tinham ainda de recolher as assinaturas dos pais e enviá-las à secretaria para comprovar a entrega.
Não foi feita nenhuma reunião sobre a distribuição ou o uso correto dos itens, segundo o diretor.
Resposta
A Secretaria Municipal da Educação afirmou, por meio de nota, que os materiais distribuídos devem ser usados em aula, seguindo "estritamente" a recomendação do Inmetro.
"Alguns itens podem ser usados antes dos três anos com supervisão dos educadores e outros, não", diz a pasta.
A nota diz, ainda, que os conjuntos destinados aos CEIs (Centros de Educação Infantil) foram entregues aos pais, que podem optar por levá-los para casa e enviá-los à escola quando solicitado ou deixá-los na própria unidade.
Ainda de acordo com a secretaria, as orientações foram divulgadas amplamente à rede de ensino e constam nas orientações curriculares. A nota da assessoria de imprensa da pasta afirma também que as escolas que não as seguiram serão alvo de apuração "tão logo a Secretaria Municipal da Educação tome conhecimento de qual foi a unidade que incorreu em erro".
A Secretaria Municipal da Educação não respondeu, porém, o valor total da compra dos kits nem se fez algum estudo previamente para orientar a compra e a necessidade dos produtos junto às creches.
A reportagem também questionou por que a pasta decidiu distribuir os conjuntos às unidades de educação infantil mesmo contendo materiais vetados para menores de três anos, idade da maior parte do público das creches. A pasta não respondeu a esses questionamentos.
Também não houve resposta sobre a falta de orientação formal aos pais sobre os riscos e os cuidados necessários com o uso desses materiais, uma vez que os produtos foram levados para casa e podem ser manipulados sem a presença de um educador.

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