Delegado confirma acareação entre juiz e mulher de Cachoeira


Segundo a PF, Andressa Mendonça teria oferecido 'vantagens' e também ameaçou juiz de publicar dossiê, se ele não decidisse pela liberdade de seu marido


Rubens Santos, especial para O Estado - atualizada às 19h26
O delegado Sandro Paes Sandre, da Policia Federal, disse nesta segunda-feira, 30, que a acareação entre o juiz federal Alderico Rocha Santos e Andressa Mendonça, a mulher do contraventor Carlos Augusto Ramos, será na próxima semana. A mulher de Carlinhos Cachoeira foi denunciada por tentativa de chantagem pelo juiz da 11a. Vara da Justiça Federal em Goiás.
"Essa diligência (acareação), corroborada com outras que serão desenvolvidas, e com outros elementos de provas que serão coletados, formarão a apuração da autoridade policial", disse o delegado.
Uma Nota Oficial da PF diz que a mulher de Cachoeira teria oferecido ao juiz vantagens, o que caracteriza corrupção ativa.
"Ela (Andressa) me procurou, no meu gabinete, e disse ter em seu poder um dossiê, preparado por jornalista de uma publicação de repercussão nacional", disse o juiz à pessoas que trabalham em seu gabinete, na 11a. Vara Federal. "Ela disse, ainda, que se decidisse pela liberdade do Carlinhos Cachoeira, esse dossiê não seria publicado". O conjunto de documentos contendo "informações desfavoráveis" ao juiz Alderico Rocha Santos seria publicado pelo repórter Policarpo Júnior, na revista Veja. Foi com essa informação que ela pediu a audiência e entrou na sala do juiz, na semana passada. Outro juiz federal, Wilson Dias, também foi apontado por ela como alvo do dossiê.
Andressa Mendonça garantiu a Santos que poderia impedir a publicação. Para isso, disse que bastaria que ele "concedesse liberdade ao réu Carlos Augusto de Almeida Ramos", o Carlinhos Cachoeira, "e o absolvesse das acusações ofertadas pelo Ministério Público Federal (MPF)", diz o texto da representação do próprio MPF, que foi recebida em plantão e divulgado agora a pouco pela Justiça Federal em Goiás.
Durante o encontro, ocorrido na quinta-feira, 26, após a tomada de depoimentos de acusados na Operação Monte Carlo, a mulher do bicheiro teria pedido um pedaço de papel, onde escreveu três nomes de amigos do juiz e que fazem parte do tal dossiê.
Em vez de dar voz de prisão a Andressa Mendonça, o juiz esperou que ela saísse da sala, pegou o pedaço de papel, e acionou a PF.
As provas. A PF fará perícias nos celulares, computadores e tablets apreendidos. Também fará perícia no papel que Andressa entregou ao juiz, e comparar à escrita da mulher de Cachoeira.
Além dessas informações, o juiz Alderico Santos se propõe a apresentar outras provas contra a mulher do bicheiro. Como imagens das câmera instaladas no gabinete, o testemunho de funcionários dando conta da presença da mulher do contraventor.
Com todas as provas somadas, Andressa poderá ser indiciada, o inquérito da PF encerrado e enviado para a Justiça Federal em Goiás.
Questionada sobre o caso, a advogada Cláudia Batista, disse que a denúncia vai pesar contra a mulher do bicheiro. Porque "o juiz tem fé pública", e o pedaço de papel deixado por ela "é um principio de prova bem robusta". "Por se tratar de juiz federal, e se ele tiver outras provas como testemunhas, será indiciada em processo de tentativa de chantagem; se ofereceu dinheiro ou outra vantagem, por corrupção passiva", disse Batista.

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