Cúpula da Rio-2016 culpa funcionários por baixar dados de Londres





PEDRO FONSECA - Reuters
Os funcionários demitidos por terem baixado ilegalmente arquivos de propriedade do comitê organizador dos Jogos Olímpicos de Londres-2012 agiram por iniciativa própria e a chefia da Rio-2016 nunca teve qualquer envolvimento com o incidente, disse nesta quinta-feira o presidente do comitê organizador da Olimpíada do Rio, Carlos Arthur Nuzman.
Em seu primeiro pronunciamento público desde que o caso vazou para a imprensa na semana passada, Nuzman colocou a culpa exclusivamente nos funcionários, que, segundo ele, não cumpriram as cláusulas de confidencilidade presentes no contrato que assinaram ao serem convidados para trabalhar por um período de três meses na organização dos Jogos da capital britânica.
"Os envolvidos agiram por iniciativa própria. Seus chefes na Rio-2016 não tinham conhecimento que arquivos estavam sendo copiados sem autorização do Locog (sigla em inglês do comitê britânico)", disse Nuzman a jornalistas em entrevista na sede da organização.
Nove funcionários da Rio-2016, que faziam parte de um grupo de 24 brasileiros que trabalharam no comitê de Londres, foram demitidos no dia 18 de setembro por terem baixado os arquivos sem autorização.
Inicialmente, a Rio-2016 tinha informado que eram 10 demitidos, mas um caso foi revisto porque o funcionário envolvido tinha recebido autorização de seu superior em Londres para copiar os documentos em questão.
O incidente foi considerado "lamentável" e "inaceitável" pelo ministro do Esporte, Aldo Rebelo, mas Nuzman disse que não houve qualquer estremecimento nas relações com os britânicos.
De acordo com a Rio-2016, os funcionários tinham acesso aos documentos em consequência do trabalho realizado no comitê britânico, mas não tinham permissão para copiá-los sem autorização.
O caso foi descoberto porque o sistema de computação da Olimpíada de Londres identificou que um grande volume de dados tinha sido baixado pelos brasileiros.
"O que essas pessoas alegaram nas conversas conosco é que o intuito delas era trazer conhecimento para a nossa organização", disse o diretor-executivo da Rio-2016, Leonardo Gryner.
A cúpula da Olimpíada do Rio minimizou a relevância dos documentos, mas disse que o conteúdo não pode ser revelado exatamente pela questão de confidencialidade que gerou todo o incidente.
Gryner não soube informar se os documentos trazidos de forma ilegal já estavam sendo usados pelo comitê Rio-2016, mas ressaltou que o Rio tem acesso total aos documentos do comitê britânico, desde que solicitados de forma adequada. A Rio-2016 reafirmou que os arquivos foram localizados, devolvidos e destruídos, com a participação do Locog.
"NEM FURTO NEM ROUBO"
A demissão dos funcionários não foi requisitada pelos britânicos, mas os chefes da Rio-2016 disseram que decidiram desligá-los da organização, sem justa causa, como forma de reafirmar a confiança com os britânicos.
Segundo Nuzman, o Locog "não considerou a atitude nem como furto nem como roubo".
Uma das funcionárias demitidas divulgou uma carta na imprensa esta semana afirmando se sentir injustiçada por não ter sido alertada sobre a questão da confidencialidade, mas a Rio-2016 defendeu-se alegando que os termos estavam no contrato assinado por todos os funcionários que foram trabalhar em Londres.
Nuzman leu uma carta recebida nesta quinta-feira do executivo-chefe do Locog, Paul Deighton, endereçada à Rio-2016 minimizando o ocorrido.
"A cópia não autorizada de arquivos do comitê organizador dos Jogos Olímpicos e Paralímpicos de Londres não resultou em nenhuma violação de segurança grave, nem no comprometimento de quaisquer dados pessoais. O caso envolveu somente um pequeno número de pessoas e foi resolvido de forma eficiente e eficaz pela diretoria do Comitê Organizador dos Jogos Olímpicos e Paralímpicos Rio 2016", disse o dirigente britânico na carta, segundo Nuzman. 

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