Governo de SP pede suspensão da reintegração de posse no Jd. Iguatemi


Moradores protestaram e policiais usaram bombas de efeito moral durante a ação


Danielle Villela com informações da Agência Brasil - Atualizado às 17h52
SÃO PAULO - O Governo do Estado de São Paulo solicitou à Justiça a suspensão da reintegração de posse do terreno de 130 mil metros quadrados na Avenida Bento Guelfi, no Jardim Iguatemi, zona leste de São Paulo, iniciada na manhã desta terça-feira, 26. Segundo informações da Secretaria de Comunicação, ainda será assinado um acordo com o Ministério Público para formalizar a decisão.
Polícia estima que entre 1.200 e 1.700 pessoas moravam no terreno - Nilton Fukuda/AE
Nilton Fukuda/AE
Polícia estima que entre 1.200 e 1.700 pessoas moravam no terreno
Apesar da resistência dos moradores, a Polícia Militar realizou pela manhã a reintegração de posse de um terreno de 130 mil metros quadrados no Jardim Iguatemi. Homens da Tropa de Choque usaram bombas de efeito moral e spray de pimenta para dispersar os manifestantes e finalizaram a ocupação da área por volta das 11h30.
O proprietário do terreno, Eraclites Batalha, declarou que não aceitava o prazo de um mês e meio proposto pelos moradores para desocupar a área. Ele alega que disponibilizou 60 caminhões de mudança para retirar os pertences das famílias e um armazém de 1.200 metros quadrados para guardar os utensílios. Entretanto, as famílias alegam que não receberam nenhum auxílio. A Associação dos Moradores informou que a Prefeitura de São Paulo iria entrar com uma ação para que a área fosse declarada de utilidade pública, porém o proprietário do terreno declarou que não recebeu nenhuma oferta.
A Polícia Militar estima que entre 1.200 e 1.700 pessoas habitavam o local irregularmente em cerca de 600 casas de alvenaria. "O terreno foi desocupado pela Tropa de Choque, já temos caminhões aqui para retirar os pertences dos moradores e a demolição das casas será iniciada ainda nesta tarde", disse ao Estado o major Luiz Roberto Miranda Júnior, responsável pela operação iniciada às 6h desta terça.
Durante a intervenção, moradores tentaram resistir formando cordões de isolamento e jogando objetos como pedras contra os policiais. Com a entrada da Tropa de Choque, por volta das 9h45, houve correria dos manifestantes, que tentavam se proteger das bombas de efeito moral e spray de pimenta. "Alguma resistência a gente esperava, a Tropa de Choque teve que atuar só com munição química, mas até o momento não temos notícia de feridos", disse o major.
Além da Tropa de Choque, a operação contou ainda com homens da Força Tática, do policiamento de trânsito, dos bombeiros e da Guarda Civil Metropolitana (GCM). O major Luiz Roberto Miranda Júnior, no entanto, não confirma o número total de homens que atuaram na reintegração de posse nesta manhã, por "questões estratégicas".
Acordo verbal
O advogado dos moradores da área, Ricardo Sampaio Gonçalves, afirma que o terreno foi ocupada há cerca de um ano pelas famílias a pedido do proprietário. "Todos os moradores têm a mesma afirmação: o proprietário tinha uma área de terra, pendente de regularização para fazer um loteamento legal, solicitou que a comunidade invadisse e depois ele venderia a área por R$ 3 milhões", disse ao Estado.
Após a ocupação, o proprietário teria elevado o valor do terreno para R$ 30 milhões. "Esse terreno estava aberto, tinha várias carcaças de carros roubados, pessoas mortas com certa frequencia", afirmou. Segundo Gonçalves, no entanto, os moradores não têm provas da negociação. "Ele veio até as pessoas de forma verbal", disse. "As medidas [judiciais] perdem eficácia a partir do momento em que derrubam as casas", completa.

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