Baixa produção de lixo dá 2º lugar a Sorocaba


Cada morador da cidade foi responsável pela geração de 840 gramas de lixo por dia no ano de 2012


André Moraes
andre.moraes@jcruzeiro.com.br 


Sorocaba é a terceira cidade do País (e segunda no ranking), entre as que possuem 500 mil habitantes ou mais, onde os cidadãos descartam menos lixo, segundo dados do estudo Panorama dos Resíduos Sólidos 2012, divulgado pela Associação Brasileira de Empresas de Limpeza Pública e Resíduos Sólidos (Abrelpe) em meados deste mês. Dentre as cidades paulistas presentes no ranking, Sorocaba aparece no primeiro lugar, com 840 gramas de resíduos sólidos gerados por cada habitante. Em todo o Brasil, a cidade fica somente atrás de Uberlândia, no Estado de Minas Gerais, e Teresina, capital do Piauí, que ficaram empatados no topo do ranking, com o descarte de 830 gramas de lixo per capita. Especialistas da área ambiental comemoram os resultados obtidos pela cidade, porém, destacam que ainda são necessárias algumas ações para estimular a população a gerar menos resíduos. 

De acordo com o estudo, feito com base nas informações divulgadas pelas Prefeituras e no censo do Instituto Brasileiro de Geografia e Pesquisa (IBGE), Sorocaba coleta por volta de 500 toneladas de resíduos sólidos por dia. Portanto, se dividir esse total com o número de habitantes divulgado pelo IBGE em 2012, que seria de 594.600, daria a média de 840 gramas de lixo gerado por cada cidadão. 

Se comparados esses dados aos coletados em 2010, é possível perceber que a coleta pública de lixo em toda a cidade de Sorocaba diminuiu 20 toneladas da produção diária, já que há dois anos eram geradas 520 toneladas de resíduos. Naquele ano, a geração de lixo per capita era de 896 gramas, 56 gramas a mais do que em 2012, que foi de 840. Essas quedas nos números fizeram com que a cidade saltasse da quarta para a segunda colocação entre as cidades que menos geram resíduos sólidos no País, e da segunda para a primeira colocação no Estado de São Paulo. 

Em 2012, Sorocaba ficou à frente das cidades paulistas de Guarulhos (860 gramas de lixo per capita), Campinas (890 gramas), Santo André (1 quilo), Osasco (1,10 quilo), São José dos Campos (1,14 quilo) e São Paulo (1,27 quilo). E também de algumas capitais, como Aracaju (870 gramas de lixo per capita), Curitiba (900 gramas), Belém (930 gramas), Natal (950 gramas), Porto Alegre (950 gramas), Manaus (1,08 quilo) e Rio de Janeiro (1,30 quilo). A pior colocada no ranking das 32 cidades listadas, com 500 mil habitantes ou mais, foi Fortaleza, em que cada um dos 2.500.200 cidadãos gerou 1,75 quilo de lixo por dia em 2012. 

A pesquisa, que reúne dados de 401 municípios que representam 51,3% da população urbana do Brasil, aponta que a média no Estado foi de 1,393 quilo de lixo per capita em 2012, sendo que, em 2011, foi de 1,385 quilo. Foram geradas 55.967 toneladas de lixo em 2012 e 55.214 toneladas em 2011. Dessas, 56.626 toneladas foram coletadas em 2012 e 56.007 toneladas em 2011. 

Mais ações 

secretária municipal de Meio Ambiente, Jussara de Lima Carvalho, comemora os números alcançados por Sorocaba em 2012, por estar entre as que menos geram resíduos per capita do País. Porém, analisando pelo lado ambiental, Jussara revela que o número de 840 gramas geradas por cada habitante do município ainda é alto, já que o ideal seria trabalhar, no mínimo, com a geração de 500 gramas diários por cada pessoa. Por isso, ela acredita que a Prefeitura ainda possui muito o que fazer, para se adequar à Política Nacional de Resíduos Sólidos. "O fato de ter um número menor entre as outras cidades com mais de 500 mil habitantes é bom, mas, de qualquer maneira, a geração de quase 840 gramas ainda é grande. Com isso, caímos numa problemática existente no primeiro item da política de resíduos, que é a não geração de resíduos", diz. 

Segundo a secretária, a administração municipal precisa investir em ações que visem a conscientização da população, para que evite gerar tantos resíduos, demonstrando uma preocupação maior com o fator ambiental. "Temos que investir na educação ambiental, para a população trabalhar no sentido de gerar menos desperdício. Por isso, temos programado, para o ano que vem, ações para reduzir o descarte de lixo", diz ela, informando que esse projeto da Prefeitura ainda se encontra em desenvolvimento. "Mexer com os hábitos das pessoas não é fácil, é algo demorado", complementa. 

Com coleta seletiva, lixo descartado cairia 30%  


Caso o sistema de coleta seletiva atendesse toda a cidade, o número de lixo descartado no aterro de Iperó, que atualmente é de 500 toneladas por dia, diminuiria em 30%. De acordo com a presidente do Centro de Estudos e Apoio ao Desenvolvimento, Emprego e Cidadania (Ceadec), Rita de Cássia Gonçalves Viana, o recolhimento de materiais recicláveis, realizado por algumas cooperativas da cidade, ainda não atinge todos os bairros de Sorocaba pela falta de infraestrutura, que deveria ser fornecida pela Prefeitura. Por conta disso, apenas 6% dos resíduos que poderiam ser reciclados realmente passam por esse processo ambientalmente correto. "A população está fazendo a sua parte, já que mudaram seus hábitos e hoje possuem a cultura da reciclagem. Agora a Prefeitura deve fazer a dela", completa. 

Segundo Rita, atualmente, cerca de 4,5 mil toneladas mensais de lixo poderiam passar pelo processo de reciclagem, evitando de serem descartados no aterro sanitário que recebe os resíduos da cidade, localizado em Iperó. Mas, atualmente, o serviço de coleta seletiva apenas consegue captar 330 toneladas desses materiais. "É muito pouco e não é por conta das cooperativas, mas sim por falta de políticas públicas. Mesmo se a gente quisesse recolher todo o material que poderia ser reciclado, não há estrutura para isso", relata. 

O Ceadec é a entidade que gere os recursos da Cooperativa de Reciclagem de Sorocaba (Coreso), que é a maior em atividade no município e a primeira a começar a atuar nesse ramo, surgida em 1999. A Coreso é responsável pelo recolhimento de metade das 330 toneladas de lixo reciclável de Sorocaba coletadas por mês. Segundo um levantamento referente ao período de janeiro a outubro deste ano, feito pelo Ceadec, os trabalhos da cooperativa fizeram com que 852,53 toneladas de papel, 223,45 toneladas de plástico, 7,53 toneladas de alumínio, 121,90 toneladas de vidro e 22,11 toneladas de óleo residencial fossem reciclados. 

Mas a presidente do Ceadec afirma que se houvesse um apoio mais eficiente da Prefeitura, esses números poderiam ser muito maiores. "A Coreso é responsável pelo recolhimento de resíduos recicláveis na zona norte, oeste e leste. Seria para a Coreso atender todos os bairros dessas regiões, só que não ela tem condições e nem estrutura para isso, porque a Prefeitura não disponibiliza isso. Se ela disponibilizasse estrutura necessária e tivesse a ampliação da coleta, com certeza teríamos a universalização da coleta e evitaríamos que alguns materiais fossem erroneamente para o aterro. Estamos pagando para enviar matéria-prima para o aterro", diz. 

Ampliação do serviço 

A Secretaria de Serviços Públicos (Serp) informa que trabalha para que, em médio prazo, consiga ampliar o total de 330 toneladas mensais de materiais recicláveis recolhidas pela coleta seletiva para 2 mil toneladas. Com isso, mais munícipes seriam atendidos por este serviço, já que atualmente somente 15% das residências possuem esses resíduos coletados. 

A Serp ainda afirma que neste ano a Prefeitura aderiu ao programa "Dê a mão para o futuro: colabore com a reciclagem e ajude a gerar trabalho e renda", do governo do Estado, que vai contribuir com a ampliação da coleta seletiva. Essa parceria vai destinar recursos para capacitação, assessoria técnica, ações de educação ambiental e aquisição de equipamentos às cooperativas de reciclagem, provenientes da Associação Brasileira da Indústria de Higiene Pessoal, Perfumaria e Cosméticos (Abihpec) e Associação Brasileira das Indústrias de Produtos de Limpeza e Afins (Abipla). "Em Sorocaba, o convênio vai viabilizar cursos de capacitação, assessoria técnica e a aquisição de equipamentos para a Central de Reciclagem Zona Oeste, pois a Coreso não demonstrou interesse em aderir ao programa", relata a Secretaria, em nota. (A.M)

Postar um comentário

0 Comentários