Coleta de lixo é paralisada por 6 horas


Funcionários reivindicavam 90 dias de estabilidade, convênio médico e melhores condições de trabalho


Carlos Araújo
carlos.araujo@jcruzeiro.com.br

Antes de completar 30 dias do novo consórcio contratado emergencialmente pela Prefeitura, a coleta de lixo de Sorocaba ficou paralisada por uma greve que durou 6 horas ontem, das 17h às 23h. Os funcionários do turno da noite do consórcio de empresas responsável pelo serviço entraram em greve às 17h, inicialmente sem perspectiva de quando retornarão ao trabalho, e chegaram a um acordo por volta das 23h. Vários trabalhadores aceitaram sair com os caminhões para reiniciar a coleta do lixo, mas outros discordaram.

A Prefeitura acionou a Polícia Militar e a Guarda Civil Municipal (GCM) para garantir o retorno ao trabalho dos que optaram por essa decisão. Entre outros itens, os 150 trabalhadores paralisados reivindicavam estabilidade de 90 dias, convênio médico, caminhões em condições de trabalho e cartão de ponto. Revoltados com esses problemas, prometeram retornar ao trabalho somente depois que todas as reivindicações fossem atendidas. "Enquanto não virem dar respaldo para nós (atender as reivindicações), se for para parar cinco dias nós vamos parar cinco dias", disse um dos coletores. O consórcio não se pronunciou.

O consórcio formado pelas empresas Litucera, Trail e Heleno & Fonseca assumiu o serviço de coleta de lixo de Sorocaba no dia 30 de novembro, em caráter emergencial, por seis meses. Esta medida foi anunciada pelo prefeito Antonio Carlos Pannunzio (PSDB) depois que ele rompeu o contrato com a empresa Gomes Lourenço, que era a responsável anterior pela coleta de lixo. A substituição foi complicada, porque a Gomes Lourenço retirou os seus contêineres (45 mil unidades) das ruas e os sorocabanos começaram a conviver com montes de lixo acumulados nas calçadas e em frente às casas nos bairros.

A greve de ontem foi a segunda em menos de um mês. A primeira paralisação ocorreu no último dia 20, por atraso de pagamento do vale, e durou seis horas (das 17h às 23h), segundo os coletores. Eles voltaram ao trabalho porque receberam da empresa a promessa de pagamento na segunda-feira. Ontem, vários coletores se queixaram de terem recebido o cheque e ele ter sido devolvido pelo banco. O salário é de R$ 920.

"Está triste a situação", queixou-se o coletor José Faustino da Silva, de 35 anos. Ele também disse que os caminhões não têm o equipamento elevatório para os contêineres existentes nas ruas do centro. Por isso, contêineres pesados são levantados nos braços pelos coletores e eles se queixam desse procedimento, porque sofrem fisicamente. Os caminhões da Gomes Lourenço tinham um equipamento chamado "lift" que fazia esse trabalho mecanicamente.

O funcionário Alcides Miranda Oliveira Júnior foi demitido ontem e, segundo ele, o motivo foi ter reivindicado melhores condições de trabalho para os coletores. Estes incluíram nas reivindicações a sua reintegração ao consórcio. O secretário de Governo e Segurança Comunitária, João Leandro da Costa Filho, informou que Alcides também é funcionário da Câmara, lotado no gabinete do vereador José Crespo (DEM), e Alcides confirmou a informação. Ele trabalhava no consórcio no período da noite.

Além de João Leandro, o também secretário dos Serviços Públicos, Clebson Aparecido Ribeiro, acompanhou o impasse e falou com os coletores. "Eu tenho compromisso com a Prefeitura: o lixo está lá na rua, está acumulando na rua, foi Natal, foi festa, foi tudo", disse Clebson. Em meio à espera, Clebson informou que a empresa aceitou atender à reivindicação da estabilidade por 90 dias. Os coletores pediram garantias dessa afirmação, e João Leandro respondeu: "Nós estamos aqui representando o governo." Clebson comentou que a estabilidade de 90 dias era um item resolvido ontem, e os outros itens poderiam ser atendidos até o fim de semana. A partir daí teve início a negociação que terminou em acordo.

Nenhum representante do consórcio se manifestou. Um funcionário chamado Juarez informou que o representante do consórcio identificado como Marcos Fernandes falaria com a imprensa, mas isto não ocorreu. Outro representante viria da unidade da Litucera em Jundiaí, mas até as 21h ele não havia chegado.

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