Calor bate recorde em Sorocaba


A temperatura média das máximas de janeiro é de 32,8º C, a maior do histórico do Inmet


Sthefany Lara
sthefany.lara@jcruzeiro.com.br 

programa de estágio 

A região está enfrentando o janeiro mais quente registrado no histórico do Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet). De acordo com o meteorologista do Inmet, Marcelo Schneider, a média das máximas para janeiro em Sorocaba é de 29°C, enquanto neste ano a média máxima está em 32,8°C, uma diferença de quase 4°C. Na última segunda-feira a cidade registrou a temperatura mais alta deste mês, 35,2°C, idêntico ao último dia 3. Ontem a tarde chegou aos 34,1°C e para hoje a previsão é que varie entre 21°C e 35°C, com possibilidade de pancadas de chuva rápida e isolada à tarde, graças ao calor e a umidade disponível. No final de semana as condições do tempo não mudam muito. 

Segundo Schneider, o Inmet possui os dados de Sorocaba de 1978 até 1991 e de 2002 até o dia de hoje. De 1978 até 1991 a temperatura mais alta para o mês de janeiro foi de 31,6°C e de 2002 até 2013, 30,7°C. O que está tornando o verão atípico é, segundo os meteorologistas, a presença de um sistema de alta pressão, popularmente conhecido como massa de ar seco. Vitor Kratz, meteorologista do Climatempo, explica que essa massa de ar seco está sobre algumas partes do Brasil, incluindo o Sudeste. "É ela que vem dificultando a formação de chuvas e a vinda de frentes frias da região Sul, que acabam se dirigindo para o oceano", conta. Segundo ele, a massa de ar seco permanecerá no Estado durante todo o mês de fevereiro. "Ainda será possível, durante o próximo mês, presenciar a dificuldade de formação de chuva. Apenas no mês de março, com o fim do verão, é que há a previsão da dissipação desse sistema de pressão." 

Kratz explica que há dias em que há a formação de nuvens de chuvas, quando é possível verificar trovões e relâmpagos, mas acaba não chovendo. "Isso acontece porque há unidade disponível na atmosfera, vinda da região Nordeste, no entanto, ela não é suficiente para fazer a chuva cair." A baixa umidade do ar também permanece abaixo do normal. Os cuidados devem ser redobrados no período da tarde, quando podem ficar abaixo de 30%, índice considerado estado de atenção pela Organização Mundial da Saúde (OMS). Esta anormalidade no verão é também novidade para os meteorologistas. "Não temos nenhum ano recente em que isso tenha acontecido e por isso estamos estudando essa mudança. O que podemos garantir é que não há nenhuma relação com chamado aquecimento global", comentou Kratz. 

O doutor em engenharia, mestre em ciências atmosféricas pela Universidade de São Paulo, e professor da Fatec em Tatuí, José Carlos Ferreira, avalia que para mudar a atual situação será necessário uma frente fria e úmida vinda do polo sul, com força suficiente para empurrar ou entrar por baixo da massa de ar quente, formando uma frente acompanhada de chuvas. "Se a frente fria for seca e encunhar por cima da massa quente pode não refrescar muito a região", observa. Acrescenta que a ausência de nuvens de chuva permitem a entrada direta da radiação do sol até a superfície da Terra. "Do ponto de vista dinâmico esse estado atmosférico é chamado de anticiclone tropical pelos meteorologistas", informa o doutor José Carlos Ferreira. 

Fugir do calor 

Enquanto isso, os sorocabanos tentam sair de casa logo pela manhã para cuidar dos seus afazeres e fugir do calor. "Eu gosto de calor, mas esse ano está demais. Para dormir, eu deixo todas as janelas bem escancaradas. Não gosto de usar o ventilador", conta a dona de casa Clara Garlica Estreanos, de 65 anos. Já durante o dia, Clara prefere caminhar pela sombra e se hidratar. "Muita água", conclui. 

O casal Maria Aparecida Gomes, 59 anos e Wilson Correa, 53 anos, também está estranhando as temperaturas deste verão. "Antes sofríamos durante o dia, mas logo quando chegava a tarde chovia e até refrescava, mas agora não e quando chove abafa mais ainda", afirma a dona de casa, que usa o ventilador como principal aliado enquanto está em sua residência. Já o seu marido não abre mão de uma boa alimentação. "Nada muito pesado, a gente consome bastante frutas e bebe água e anda sempre pela sombra", conta o motorista. 

A garrafa de água não sai da sacola da dona de casa Luzia Gomes, de 47 anos. Banho, apenas na água gelada e ficar em casa apenas com a ajuda do ventilador. "Para sair apenas de manhã ou bem durante a tarde e com muito protetor solar." (Supervisão: Adalberto Vieira) (Colaborou Leandro Nogueira)

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