Pastoral do Migrante diz que alimentação para refugiados está garantida por alguns dias, mas ainda guarda solução para falta de documentos de trabalho
Bruno Ribeiro - O Estado de S. Paulo
SÃO PAULO - Depois de duas semanas mal dormidas no chão de um salão da Pastoral do Migrante, no Glicério, região central de São Paulo, os imigrantes haitianos vindos do Acre e que permanecem sob tutela da igreja receberam nesta sexta-feira, 25, colchões para deixarem de dormir no chão duro. A Prefeitura começou também a fornecer marmitas para os refugiados. Até esta quinta-feira, eles estavam fazendo apenas uma refeição por dia. Agora, de acordo com o padre Paolo Parise, está garantida a alimentação com café da manhã, almoço e jantar.
"O que precisamos, agora, é ter certeza de que o mutirão não será feito só hoje (sexta-feira). Ainda há muitos que estão sem documento. O processo precisa durar mais dias", disse o padre. Na noite desta quinta, o superintendente do ministério, Luiz Antônio Medeiros, havia prometido que a situação de todos os refugiados estaria regularizada até a próxima segunda-feira, 28.Nesta sexta, também começou um mutirão, liderado pelo Ministério do Trabalho e Emprego, para regularizar a situação legal dos refugiados. A maior parte dele chegou do Acre já com Cadastro de Pessoa Física (CPF) e com a permanência no Brasil regularizada. Mas a falta da carteira de trabalho foi o principal entrave burocrático. Sem o documento, empresas que chegaram a oferecer emprego para os refugiados não puderam fazer as contratações deles.
Bate boca. Continua a briga política ao redor dos refugiados, envolvendo os governos do Acre, de Tião Viana (PT), e de São Paulo, de Geraldo Alckmin (PSDB), e que teve na secretária de Justiça e Defesa da Cidadania, Eloisa de Souza Arruda, a principal interlocutora sobre o tema.
Na manhã desta sexta, em entrevista à Radio Estadão, Viana afirmou que denunciaria Eloisa por tentar promover "preconceito e tentativa de higienização" contra os haitianos. Foi uma resposta à secretária, que afirmou estudar a possibilidade de levar a questão do envio dos imigrantes do Acre para São Paulo à Organização dos Estados Americanos (OEA) por "violação da dignidade" dos haitianos.
Eloísa participa, na tarde desta sexta, de uma reunião do governo e de entidade de defesa dos Direitos Humanos para debater o caso e a proposta da denúncia -- já criticada por especialistas em direito internacional, uma vez que um Estado não pode denunciar outro à OEA, por ambos fazerem parte do governo brasileiro.
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