Marcha de trabalhadores sem-terra passa por Sorocaba rumo à capital

Grupo, que agrega cerca de 300 pessoas, passou o domingo acampado na Castelo Branco

Maíra Fernandes
maira.fernandes@jcruzeiro.com.br
Com o objetivo de chamar a atenção do governo federal para as discussões sobre a reforma agrária, militantes da Frente Nacional de Luta Campo e Cidade (FNL), articulada por José Rainha Junior, do MST da Base, dissidência do Movimento dos Sem-Terra (MST), chegaram neste domingo a Sorocaba. A ação faz parte da Marcha Nacional em Defesa da Reforma Agrária e Agricultura Familiar - Marchando Pela Castelo Rumo à Capital Paulista. O grupo, que agrega cerca de 300 trabalhadores sem-terra vindos de locais como Pontal do Paranapanema, região de Andradina, Dracena, Assis e adjacências, passou o domingo acampado próximo ao quilômetro 69 da rodovia Castelo Branco. 

Eles seguem no começo da manhã desta segunda-feira em marcha, rumo à capital, onde devem chegar na quarta-feira (2), para cumprir uma agenda de compromissos. Uma das atividades é um encontro com os manifestantes dos movimentos de sem-teto da Grande São Paulo, entre outros movimentos sociais também. "Nosso objetivo é divulgar a reforma agrária. A (presidenta) Dilma Rousseff não tem dado atenção a essa pauta. O governo investe no agronegócio e não na agricultura familiar", reforçou Rainha que, ao criticar os altos investimentos, pontuou que a frente não é contra o esporte, referindo-se ao momento em que o Brasil sedia a Copa do Mundo da Fifa, cuja a realização demandou investimentos públicos. "Não somos contra a cultura do esporte, do futebol; somos contra a cultura de passar fome, viver embaixo de pontes", alfinetou.

Dispostos organizadamente, os militantes marcham vestindo camisetas vermelhas do movimento e com faixas que cobram a atenção para a questão da divisão das terras improdutivas e da reforma agrária.

Em carta aberta à população, a FNL explica, com mais detalhes e números, o motivo da marcha. No texto, além de um resgate sobre desapropriações de imóveis e fazendas improdutivas, desde a redemocratização do Brasil, na década de 1980, até os dias atuais, também registra-se o decréscimo no número de famílias assentadas a partir da gestão da presidenta Dilma. "Exigimos a desapropriação dos latifúndios improdutivos, créditos e valorização para os nossos agricultores familiares de todo o Brasil. Investimento em saúde, educação, estradas, assistência técnica, e toda infra-estrutura dos assentamentos, que, em sua maioria, se encontram abandonados pelo poder público", reiteram no texto.

Escoltados por viaturas da Polícia Rodoviária Estadual e também da concessionária ViaOeste, os trabalhadores sem-terra chegaram na cidade por volta das 11h deste domingo. Os militantes partiram para a marcha na cidade de Assis, oeste paulista, no dia 8 de junho. No total, a ação percorrerá cerca de 500 quilómetros. "Esse é o sacrifício de um povo que tem sonho", defendeu Rainha. 

Para a marcha, os militantes ocupam uma das faixas da rodovia. Segundo o líder da frente, até este domingo o percurso tinha sido tranquilo, sem sobressaltos. "A maioria das pessoas entende nossa luta, são poucos os que não entendem", falou Rainha, se referindo à recepção das pessoas que os encontram nas estradas e mesmo nas cidades. 
 

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