Número de roubos aumenta em São Paulo, mas homicídios caem

Governo comemora, porém, que em junho, pela 1ª vez, o avanço foi inferior a 25%; 'Deu uma esverdeada nos índices', diz Alckmin



Atualizada às 20h59
SÃO PAULO - O número de roubos aumentou 38% na capital paulista entre o primeiro semestre de 2013 e de 2014, segundo as estatísticas divulgadas nesta sexta-feira, 25, pela Secretaria de Estado da Segurança Pública (SSP). Foram 82.490 ocorrências nos primeiros seis meses deste ano, ou uma a cada 3,2 minutos. Já os homicídios tiveram queda de 8,8% na capital (de 614 para 560 casos) e de 2,3% no Estado (2.237 para 2.185).
É o 13.º mês consecutivo de aumento do número de roubos, tanto no Estado quanto na capital. Em comparação com junho de 2013, as altas foram de 14,7% e 21%, respectivamente.
No total do Estado, esse delito cresceu 29,5% no primeiro semestre, com 160.763 casos entre janeiro e junho deste ano. Esses dados não incluem os roubos de carros, categoria em que a alta foi de 9,5% na capital (24.131 para 26.420) e de 13% no Estado (46.611 para 52.648).
Desaceleração. O governo estadual festejou o fato de que, pela primeira vez neste ano, os roubos cresceram menos de 25% em um mês na capital em relação ao mesmo mês do ano anterior. “Tivemos uma desaceleração”, disse o secretário estadual da Segurança Pública, Fernando Grella Vieira, sem relacionar o fato ao aumento do efetivo policial na cidade de São Paulo para a Copa do Mundo. Durante o Mundial, 4,5 mil policiais militares a mais trabalharam nas ruas do município. Desses, 1.021 devem continuar trabalhando na capital.
Grella disse esperar que a desaceleração se transforme em uma tendência de queda em agosto. Ele destaca a entrada em vigor, neste mês, da Lei dos Desmanches. A legislação aperta a fiscalização sobre as oficinas e é vista como essencial pelo governo do Estado para combater as quadrilhas do roubo de carros, como diz o governador Geraldo Alckmin (PSDB), “quebrando a cadeia produtiva do crime”.
O chefe das Polícias Civil e Militar não apontou uma explicação para o crescimento dos roubos na capital e no Estado. Grella disse que é um “fenômeno social” de múltiplas causas. 
Internet. O secretário da Segurança Pública afirmou ainda que o aumento dos crimes contra o patrimônio é um fenômeno nacional e sugeriu que a explosão de casos em São Paulo poderia estar relacionada a uma eventual subnotificação de casos no passado. “Neste ano, estamos experimentando os efeitos da Delegacia Eletrônica, coisa que não havia para roubo no ano passado”, afirmou o secretário. 
A Delegacia Eletrônica (www.ssp.sp.gov.br/nbo) passou a registrar casos de roubo pela internet em dezembro do ano passado. Até então, era possível apenas notificar os furtos pelo site. Quando o serviço para roubos foi liberado, no entanto, o Estado de São Paulo já registrava o sexto mês de aumentos consecutivos de crescimento nesse tipo de crime. 
'Esverdeada'. Ao comentar os índices de criminalidade durante uma visita acompanhada da imprensa à sede do Centro Integrado da Polícia Militar, no Bom Retiro, centro da capital, Alckmin também mirou na subnotificação de casos: “É preciso verificar o seguinte: houve a Delegacia Eletrônica. Antes, você tinha, como o Brasil inteiro tem, uma subnotificação. À medida que você fez a Delegacia Eletrônica, passou a ter números mais confiáveis”.
O governador optou por destacar a redução da maior parte dos índices de criminalidade e afirmou haver otimismo com o cenário da segurança no Estado. “O fato é que deu uma esverdeada (nos índices). Estou vendo com muito otimismo. A polícia está vivendo um bom momento, motivada, com tecnologia, empenhada, foi muito elogiada na Copa.”
Alckmin atribuiu as quedas a ações pré-planejadas das Polícias Civil e Militar e afirmou que as estatísticas não serviriam para fazer comparações com outros Estados. “A estatística não é para a gente dizer 'estou melhor do que você, você está pior'. É para orientar a ação (policial). Se você não tem a notificação, você não tem o boletim de ocorrência, você não opera”, afirmou o governador nesta sexta.

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