jessica.nascimento@jcruzeiro.com.br
programa de estágio
Aos 93 anos de idade, o aposentado Alípio Hules Ferreira esperou mais de 24 horas por um leito na rede pública de saúde de Sorocaba. O aposentado recebeu atendimento médico na Unidade Pré-Hospitalar (UPH) Zona Norte desde a tarde de segunda-feira, quando não estava se sentindo bem. O paciente recebeu um encaminhamento para a Santa Casa de Sorocaba, pois precisava fazer uma tomografia, mas só conseguiu a transferência no final da tarde de ontem, já que o hospital estava sem vagas. Os familiares ficaram preocupados com a demora na definição do caso.
A confeiteira Lourdes Ferreira Lima, 53, filha do aposentado, disse que o pai não estava bem. "Meu pai tem diabetes, que ontem (segunda) de manhã estava alto, precisou receber insulina para ver se abaixava. Ele estava reclamando de dores no corpo", conta. A filha diz que o pai foi para a UPH com perda de memória. "Ele não lembrava de mim e de onde estava. Ele tomou soro e fez alguns exames na UPH. O médico que o atendeu pediu transferência para a Santa Casa para fazer um exame de tomografia", conta. Lourdes diz que o pai já teve uma perda de memória assim há alguns meses, mas não realizou tratamento.
"Estou ficando preocupada com a situação. Eles não sabem qual a previsão para a transferência para o hospital. Meu pai está deitado em uma maca na enfermaria da UPH. Já não sei o que fazer. A situação está muito difícil. Se não conseguir uma vaga vou ter que tirar ele de lá e fazer alguma coisa", desabafou a filha do paciente no início da tarde, antes de conseguir a remoção.
A neta de Alípio, Ketlin Ferreira Lima, 24, também acompanhava a situação. "Meu avô está esperando uma ambulância da Santa Casa ir buscá-lo para fazer o exame. Ele está muito cansado", conta. Ketlin diz que havia mais pessoas esperando pela transferência para o hospital. "A UPH não oferece alimentação para os pacientes. Eu estou levando comida para o meu avô. A situação está complicada", ressaltou.
Lourdes disse que os enfermeiros da UPH informaram que para acontecer a transferência dependeria da Santa Casa disponibilizar vagas de leito. "Se tivesse alimentação, os pacientes poderiam até aguentar. Mas não tem como ficar sem comida. É difícil ficar saindo e voltando para trazer comida. Os pacientes vão ficar até quando esperando a vaga da Santa Casa?", questionou, indignada.
A Prefeitura informou, em nota, que o censo de vagas disponíveis no Hospital da Santa Casa é atualizado três vezes ao dia e que essa liberação de vagas é dinâmica. "A cada renovação de censo (manhã, tarde e noite) são atualizadas as informações e liberadas as vagas conforme alta médica. A Secretaria da Saúde de Sorocaba (SES), em conjunto com a Comissão Gestora da Santa Casa, estão em constante conversa para a melhora do fluxo interno do hospital", afirmou a nota. A SES também informou que o paciente foi transferido para a Santa Casa no final da tarde de ontem. (Supervisão: Armando Rucci Filho)
0 Comentários