Prisões do mensalão fizeram 'estragos' em SP, diz Marinho

Dirigente da campanha de Dilma no Estado admite que condenações de petistas prejudicaram candidaturas do partido



Prisões do mensalão fizeram 'estragos' em SP, diz Marinho
"Luiz Marinho"
Coordenador da campanha à reeleição da presidente Dilma Rousseff em São Paulo, o maior colégio eleitoral do País, o prefeito de São Bernardo, Luiz Marinho, avalia que a prisão dos petistas condenados por envolvimento com o mensalão atrapalha o desempenho tanto de Dilma quanto do candidato do partido ao governo paulista, Alexandre Padilha, no Estado.
Em entrevista no comitê da campanha, na Vila Mariana, Marinho lembrou que o governador Geraldo Alckmin (PSDB) explorou o tema na TV, mas disse acreditar em uma virada petista.
O desempenho abaixo do esperado de Alexandre Padilha nas pesquisas puxa Dilma Rousseff para baixo em São Paulo?
São Paulo tem uma situação onde o PSDB é mais enraizado. O próprio desempenho na capital, e é natural que assim seja, onde só agora o (Fernando) Haddad começa a mostrar resultados. O bom ano de Haddad vai ser 2015, quando ele vai começar a entregar coisas. Além disso, tem a prisão dos companheiros, um conjunto de debates na sociedade que foi muito negativo em São Paulo. É por isso que nós estamos penando na disputa.
O sr. está dizendo que a prisão dos petistas envolvidos no mensalão prejudica o desempenho eleitoral do PT em São Paulo?
Impactou muito na nossa imagem. Isso é inegável. Tivemos um conjunto de fatores que impactou muito na imagem do partido. O partido está sofrendo. Até o (Geraldo) Alckmin explorou isso agora (na TV).
O desempenho de Padilha não é o único motivo? Há outros?
O Padilha pode muito bem surpreender e dobrar sua votação. Em outros momentos aconteceu isso. Ninguém dizia que o Jaques Wagner ganharia a eleição na Bahia. Existe até um nome para isso criado por uma alemã. Espero que esteja acontecendo isso agora. Porque é inexplicável a nossa intenção de voto e acredito que o Padilha chegue ao menos em 20%.
Qual é a tese?
Uma alemã (a filósofa Elisabeth Noelle-Neumann) escreveu uma tese chamada espiral do silêncio. É quando uma ideia é tão espancada publicamente, de forma contínua, que as pessoas que têm aquela ideia não expõem, guardam para si. Foi o que aconteceu na Bahia.
O que a campanha pretende fazer para alinhar o eleitorado de Dilma ao de Alexandre Padilha?
O Padilha tem um dilema que é ainda o desconhecimento. Infelizmente é uma realidade. A baixa audiência dos programas de TV atrapalha o crescimento. O aumento da percepção do eleitorado agora na reta de chegada, quando as pessoas vão buscar o título de eleitor na gaveta e se preparar para o dia da eleição, dará ao Padilha maior exposição. Grande parte do eleitorado da Dilma ainda não acompanha o Padilha, mas a tendência é alinhar.
Padilha deveria primeiro ter consolidado o voto do eleitor petista para depois tentar ampliar o eleitorado?
É difícil saber exatamente o que aconteceu. Ele tentou fazer isso. A baixa audiência das campanhas na TV dificultou o processo de conhecimento. Essa foi uma eleição esquisita, diferente de todas outras que a gente participou.
Padilha penou com a baixa arrecadação?
No início da campanha foi, sim, um sofrimento. Mas todo mundo sofreu.
Na semana passada, em Campinas, o senhor falou que a impossibilidade de usar caixa 2 penalizou as campanhas.
As regras criadas nos governos Lula e Dilma levam ao esgotamento da possibilidade de caixa 2. Hoje seria praticamente impossível. E há um massacre por parte da mídia a quem se dispõe a financiar campanhas. Não existe democracia sem eleição e não existe eleição sem recurso. Tem uma certa hipocrisia nisso. É preciso um debate maduro, inclusive na imprensa.
O sr. concorda com as críticas feitas a Marina Silva (presidenciável do PSB) sobre a independência ao Banco Central, algo que os três governos petistas aplicaram, na prática?
Se aplicamos, por que está sendo discutido?
Então por que virou uma crítica a Marina?
Porque ela diz que vai mudar. Qual a independência? Se ele já é independente, do que estamos falando? Na verdade o que ela expressou é entregar aos bancos. Olhe o programa de governo dela e o que está escrito. Aquilo foi banqueiro que escreveu. É uma encomenda de setor. Foi muito estranha a maneira como a candidatura da Marina introduziu isso.
O sr. se refere ao fato de a proposta ter sido expressada por Neca Setubal (acionista do banco Itaú e uma das coordenadoras da campanha de Marina) em uma entrevista?
Acho que nem foi a Neca. Ela nem é tão entendida do assunto assim. 

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