Professora de São Roque ajuda crianças carentes após terremoto

Carolina Santana 
carolina.santana@jcruzeiro.com.br 

"Estamos sobrevivendo. Essa é a palavra que melhor se encaixa", resume a professora de inglês Camile Guarino Porto, 28, que há cinco meses deixou a cidade de São Roque para trabalhar voluntariamente com crianças carentes no Nepal. Ela está na capital Katmandu e conta que, três dias depois do terremoto, a falta de alimentos e água é a principal dificuldade enfrentada por ela e o grupo de outras 60 pessoas (sendo a maioria delas crianças) abrigadas na sede da Compasion home, organização não governamental (ONG) fundada por sua família e local em que trabalha no país asiático. Há locais em que as crianças têm apenas arroz para comer. 

Na noite de segunda para terça-feira foram pelo menos quatro pequenos tremores sentidos pelo grupo. "Quase não dormi", revela. Para garantir a segurança de todos, uma tenda foi montada no quintal da entidade e é ali que são acomodados os que chegam. O abrigo foi improvisado com toalhas e cortinas de plásticos e, inicialmente, 18 pessoas estavam no local. Ao lado da entidade há um orfanato com 42 crianças. "Eles não têm nada o que comer, a situação é desesperadora. Vou pedir ajuda com urgência." Por meio de sua página em uma rede social a jovem pede socorro aos brasileiros para comprar mantimentos e relatar as condições em que se encontram. Ela tem pressa em conseguir o auxílio, pois o acesso à internet é feito por meio de créditos e esses já não são encontrados com facilidade. 

A ONG, fundada pela mãe de Camile, Violeta Guarino, trabalha com crianças e jovens grávidas que foram abandonadas por suas famílias, estando em situação de risco. Em seu perfil na internet, Violeta explica que os voluntários, na terça-feira, 28, saíram pelo bairro em busca das crianças assistidas pela entidade. "São 48 crianças órfãs que fazemos um trabalho especial a cada sexta feira. Hoje (terça-feira, 28) saímos para localizá-las e ficamos felizes por encontrá-las bem e abrigadas em uma igreja local, mas muito triste por ver que tinham apenas arroz para comer. Pegamos o que tínhamos e dividimos com elas", relata. 

Na hora do terremoto de sábado a Camile estava, com a mãe. "Eu estava em casa, no andar um. Ouvi minha mãe gritar, mas o terremoto já estava intenso demais para descermos até o térreo. Foi quando me joguei no chão junto com a minha mãe, embaixo do batente da porta. Começamos a clamar a Deus para ter misericórdia de nossas vidas", recorda. Segundos após o tremor mais forte, a jovem gravou um vídeo relatando os momentos de pavor vividos ao lado da mãe. Na vizinhança da ONG dois prédios foram condenados por conta dos tremores, mas o cenário do entorno é de "completa destruição", diz Camile. 

A passagem de volta da professora já havia sido comprada antes do desastre natural e o acontecimento não antecipará o retorno da jovem ao Brasil. "Volto no dia 31 de maio. Minha mãe e minha irmã moram aqui há seis anos. Não vou virar as costas para elas e nem para o país que me acolheu tão carinhosamente durante esse tempo", enfatiza.

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