Junto a ministros, Dilma responsabiliza Lava-Jato por queda do PIB

BRASÍLIA — Durante reunião com 12 ministros e o vice-presidente Michel Temer, na tarde desta segunda-feira, a presidente Dilma Rousseff responsabilizou a Operação Lava-Jato por parte da queda do Produto Interno Bruto (PIB) neste ano. Ao discorrer sobre as dificuldades econômicas que o país enfrenta, a presidente citou a operação da Polícia Federal, dizendo que esta provocou uma queda de um ponto percentual no PIB. O comentário, segundo um ministro que estava na reunião, ocorreu logo após uma longa explanação de Nelson Barbosa (Planejamento) sobre o cenário econômico e as perspectivas “sombrias” se as medidas do pacote de ajuste fiscal não forem aprovadas pelo Congresso.
“Para vocês terem uma ideia”, começou a presidente, “a Lava-Jato provocou uma queda de um ponto percentual no PIB brasileiro”. Dilma não deu detalhes do cálculo e, em seguida, emendou a necessidade de apoio da base aliada no Congresso aos projetos encaminhados pelo governo.
A presidente convocou a reunião para cobrar de ministros indicados pelos aliados que seus parlamentares votem a favor do governo, especialmente nas matérias econômicas. Dilma mostrou-se insatisfeita com o nível de infidelidade da base, que levou a seguidas derrotas na Câmara e no Senado no primeiro semestre. Dilma pediu “rapidez” e “responsabilidade” nas votações e determinou aos ministros que procurem os deputados e senadores de suas relações para influenciarem a favor do governo.
Dilma chamou ao seu gabinete o vice, Michel Temer, e 12 ministros: Eliseu Padilha, Kátia Abreu, Edinho Araújo e Hélder Barbalho, do PMDB; Gilberto Kassab e Afif Domingos, do PSD: Aloizio Mercadante e Nelson Barbosa, do PT; Aldo Rebelo, do PCdoB; Armando Monteiro, do PTB; George Hilton, do PRB; e Antonio Carlos Rodrigues, do PR. A presidente quer que este grupo “fidelize” os parlamentares que estão sendo parceiros e que busque reduzir ao máximo as dissidências nas bancadas.
— Foi uma reunião para dar um freio de arrumação nas relações com as bancadas. O recado aos ministros foi duro porque o governo não pode deixar a economia sair do controle. É preciso compromisso dos partidos aliados e que eles impeçam uma pauta bomba na Câmara e no Senado com medidas que aumentem as despesas — disse uma fonte do governo.
O GLOBO revelou no sábado levantamento feito no Palácio do Planalto, mostrando o índice de infidelidade por partido. O que mais traiu o governo na Câmara foi o PP e, no Senado, o PRB, em ambas as Casas, seguido pelo PDT. O PMDB, partido do vice, Michel Temer, e com sete ministros, os senadores do PMDB traíram o Planalto em mais da metade das votações: 52,33%. Os deputados foram levemente mais fiéis. Opuseram-se em 43,88% das votações. Os ministros do PP, Gilberto Occhi (Integração Nacional), e do PDT, Manoel Dias (Trabalho), não compareceram, assim como Henrique Alves (Turismo) considerado no Palácio do Planalto muito próximo ao presidente da Câmara, Eduardo Cunha.

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